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Tansulosina versus tadalafila em terapia combinada com inibidores da 5-alfa redutase na hiperplasia prostática benigna, resultados urinários e sexuais

Autores do Artigo

Tawfik A, Abo-Elenen M, Gaber M, et al.

Revista

World Journal of Urology

Data da publicação

Fevereiro 2024

Autor do Resumo

Editor

Publicação do Resumo

Maio 2025

  

Introdução

O artigo entitulado "Tadalafila versus tansulosina como terapia combinada com inibidores da 5-alfa redutase na hiperplasia prostática benigna, resultados urinários e sexuais" foi publicado em fevereiro de 2024 na revista World Journal of Urology.  O estudo que vamos apresentar analisou os resultados urológicos e sexuais da combinação de um inibidor da fosfodiesterase-5 ou de um alfa bloqueador com os inibidores de 5-alfa redutase. Os alfa bloqueadores são frequentemente a terapia de primeira linha para hiperplasia prostática benigna, já que melhoram o escore internacional de sintomas da próstata (IPSS) em 30–40% e o Qmax em 15–25%. Durante as últimas duas décadas, a tadalafila 5mg, um inibidor da fosfodiesterase-5,  provou a sua capacidade de melhorar a micção e os sintomas de armazenamento, apesar de não alterar significativamente o fluxo urinário e de ter um mecanismo de ação incerto. Entretanto, nenhum medicamento dessas classes é capaz de alterar o volume prostático sozinhos e por isso têm sido associados aos inibidores de 5-alfa redutase para esse fim.

 

Objetivo

O estudo foi desenhado para comparar os resultados urinários e sexuais do uso da terapia combinada PDE5Is e 5ARIs (tadalafla e finasterida) em comparação com ABs e 5ARIs (tansulosina e finasterida) em pacientes com HBP e próstata grande.

 

Desenho do estudo

Os autores desenharam um estudo prospectivo duplo-cego não controlado

Número de pacientes

258 pacientes 

Materiais e Métodos

Os pacientes do grupo I receberam tansulosina 0,4 mg e finasterida 5 mg uma vez ao dia, enquanto o grupo II recebeu tadalafla 5 mg e finasterida 5 mg uma vez ao dia. Tanto os pacientes quanto os médicos eram cegos em relação aos medicamentos administrados. Os pacientes incluídos foram acompanhados na 1ª, 4ª e 12ª semanas. Em cada visita, os pacientes eram questionados sobre possíveis efeitos colaterais. Nas visitas da 4ª e 12ª semanas, os pacientes prencheram os formulários de IPSS e IIEF. Além disso, as taxas de fluxo máximas e médias (Qmax e Qavg) foram reavaliadas.

Desfechos

O desfecho primário foi definir alterações na função urinária e sexual (IPSS, IPSS-qualidade de vida, taxas de fluxo urinário e domínios IIEF) dentro de cada grupo.

O desfecho secundário foi comparar as alterações induzidas pelo tratamento entre ambos os grupos.

Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes

Os critérios de seleção incluíram volume da próstata > 40 ml e IPSS > 7. Pacientes com disfunção erétil grave (IIEF-funções eréteis ≤ 10) foram excluídos.

Resultados

Na 4ª e 12ª semanas, 131 e 127 pacientes estavam disponíveis em ambos os grupos, respectivamente. Ambos os grupos mostraram melhora significativa dos sintomas  urinários (LUTS) (alterações de IPSS: −4,9 ± 2,7 (média e DP) e −4,3 ± 2,9 na 4ª semana e −6,1 ± 3 e −5,4 ± 2,8 pontos na 12ª semana em ambos os grupos, respectivamente). O grupo I teve melhores taxas médias de fluxo em ambas as visitas de acompanhamento. Enquanto isso, as taxas máximas de fluxo foram comparáveis ​​em ambos os grupos na 12ª semana (13,5 ± 3,9 vs. 12,6 ± 3,7, p>0,05). No grupo I, todos os domínios do IIEF foram significativamente reduzidos em ambas as visitas (p<0,05). O grupo II mostrou aumento significativo nas pontuações de IIEF-função erétil (1,3 ± 1,1 e 1,8 ± 1,2 na 4ª e 12ª semanas), indicando melhora,  com uma redução significativa transitória de IIEF-orgasmo e desejo sexual observada apenas na 4ª semana (−0,8 ± 0,4 e −0,6 ± 0,4, respectivamente).

 

Conclusão do Trabalho

Em três meses, ambas as combinações foram comparativamente eficazes na melhora dos sintomas do trato urinário inferior relacionados à HPB. A tansulosina combinada à finasterida proporcionou um fluxo máximo significativamente melhor apenas na 4ª semana. A tadalafila associada à finasterida teve a vantagem de melhorar o desempenho sexual em relação à outra combinação (aumento do escore IIEF)

Comentário Editorial

Para maximizar a eficácia do tratamento da HBP, muitos protocolos de combinação de tratamento, incluindo ABs, 5ARIs e PDE5Is têm sido sugeridos e estudados. A terapia combinada de Tansulosina e finasterida  produz uma melhora estatisticamente significativa sobre o uso dos medicamentos individualmente. Infelizmente, essa combinação está associada a disfunção sexual significativa (disfunção erétil, ejaculação retrógrada e alteração da libido). 

A terapia combinada  de ABs e PDE5Is tem sido cada vez mais descrita para melhorar os sintomas sexuais e urinários. A coadministração de tadalafila / tansulosina proporciona melhora no Qmax e LUTS de esvaziamento com alterações semelhantes no IIEF e LUTS de armazenamento quando comparada a tadalafila sozinha. Embora bem tolerada pela maioria dos pacientes, essa combinação pode teoricamente aumentar a hipotensão, pois ambos os medicamentos produzem vasodilatação periférica. Felizmente, isso foi mais relatado com doxazosina do que com tansulosina. 

A combinação de tadalafila e 5 ARIs foi menos estudada na literatura, mas pode representar mais uma opção interessante para o manejo dos pacientes com HPB. Pode ser usada como tentativa de reduzir os efeitos indesejados dos ABs, como tontura, hipotensão, ejaculação retrógrada e potencial risco de demência e também para contornar os efeitos sexuais adversos dos 5 ARIs.  Embora a monoterapia com finasterida possa exigir 12 semanas para produzir uma redução significativa no volume da próstata associada à melhora do IPSS e do Qmax, o efeito da finasterida no desempenho sexual pode ser notado logo após alguns dias do início do tratamento.

A combinação da Tadalafila e finasterida é mais cara do que a outra combinação avaliada neste estudo, e não existem estudos de longo prazo disponíveis, além de 26 semanas de acompanhamento. A associação da tadalafila com a dutasterida também foi pouco estudada na literatura. Portanto, estudos comparativos de longo prazo, incluindo análise de custos e diferentes associações de PDE5Is e 5 ARIs, ainda são necessários para reforçar o papel dessa nova modalidade de tratamento no manejo dos pacientes com HPB.

Referência

Tawfik A, Abo-Elenen M, Gaber M, et al. Tadalafil versus tamsulosin as combination therapy with 5-alpha reductase inhibitors in benign prostatic hyperplasia, urinary and sexual outcomes. World J Urol. 2024;42(1):70. Published 2024 Feb 3. doi:10.1007/s00345-023-04735-y

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