
Apalutamida no câncer de próstata metastático sensível à castração: resultados do estudo multicêntrico de mundo real ARON-3
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Introdução
Em novembro de 2024 foi publicado na European Urology Oncology o estudo ARON-3, que avaliou a eficácia e a segurança da apalutamida em pacientes com câncer de próstata metastático sensível à castração tratados em centros do mundo real. A hipótese foi de que os benefícios clínicos observados no estudo de fase 3 TITAN poderiam ser reproduzidos em uma população não selecionada de prática clínica. O estudo confirmou a atividade antitumoral e o perfil de tolerabilidade da apalutamida, com resultados consistentes aos ensaios clínicos randomizados. Confira abaixo mais detalhes do estudo:
Objetivo
Avaliar os desfechos clínicos de pacientes com câncer de próstata metastático sensível à castração tratados com apalutamida no mundo real.
Desenho do estudo
Estudo multicêntrico, internacional, retrospectivo, conduzido em 29 centros oncológicos de 9 países.
Número de pacientes
531 pacientes.
Período de inclusão
De 1º de janeiro de 2020 a 31 de maio de 2024.
Materiais e Métodos
Foram incluídos pacientes com câncer de próstata sensível à castração e doença metastática confirmada, tratados com apalutamida em combinação com terapia de supressão androgênica. Foram coletados dados clínicos e patológicos de prontuários eletrônicos e físicos, incluindo idade, escore de Gleason, performance status (ECOG), volume e sítios metastáticos, resposta de PSA e eventos adversos. A sobrevida global foi estimada pelo método de Kaplan-Meier e comparada entre subgrupos pelo teste log-rank.
Desfechos
O desfecho primário foi a sobrevida global. Os desfechos secundários incluíram tempo até progressão de PSA, tempo em tratamento, resposta bioquímica (queda ≥90% do PSA [PSA90] e PSA ≤0,2 ng/mL [PSA0,2]) e incidência de eventos adversos grau 3–4.
Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes
Homens com câncer de próstata metastático sensível à castração tratados com apalutamida e dados clínicos completos. Pacientes sem informações de desfechos oncológicos foram excluídos.
Resultados
A mediana de acompanhamento foi de 18,2 meses (IC95% 14,2–19,9). A idade mediana foi 70 anos (intervalo 47–95), com 53 pacientes (10%) com 80 anos ou mais. ECOG-PS foi 0 em 70% e 1 em 25%. A maioria (78%) apresentava doença metastática de novo e 40% tinham doença de alto volume; 11% tinham metástases viscerais. O temo mediano de seguimento foi de 18,2 meses.
A mediana de PSA basal foi 22,6 ng/mL (0,2–7793). O escore de Gleason foi >7 em 66% dos pacientes. A mediana da sobrevida global não foi alcançada. A taxa de sobrevida em 2 anos foi de 91% para ECOG 0–1 e 76% para ECOG 2 (p = 0,007), e de 96% versus 82% em doença de baixo versus alto volume (p = 0,002).
Resposta PSA90 foi observada em 87% dos pacientes, e PSA0,2 em 69%. Ambas as respostas se associaram a melhor sobrevida global (p < 0,001). A mediana do tempo até PSA90 foi de 5,0 meses, e até PSA0,2 também de 5,0 meses. A análise multivariada mostrou que apenas o PSA0,2 manteve associação independente com sobrevida (HR 0,26; IC95% 0,10–0,66; p = 0,005).
Eventos adversos grau 3–4 ocorreram em 19% dos pacientes, sendo os mais comuns fadiga (7%), rash cutâneo (7%), hipertensão (3%) e fraturas (2%). Em pacientes com ≥80 anos, a fadiga grau 3–4 foi mais frequente (19% versus 5% nos mais jovens). Apenas 13% dos pacientes necessitaram redução de dose.
Conclusão do Trabalho
A apalutamida demonstrou eficácia e segurança consistentes com o estudo de fase 3 TITAN, confirmando seu papel como terapia padrão no câncer de próstata metastático sensível à castração em cenário de mundo real. A resposta profunda de PSA mostrou-se um importante marcador prognóstico.
Comentário Editorial
O ARON-3 reforça os achados do estudo TITAN ao mostrar que, na prática clínica real, a apalutamida mantém alto índice de resposta bioquímica e sobrevida favorável, inclusive em pacientes mais idosos e com performance reduzido. Trata-se da maior série mundial de pacientes com câncer de próstata metastático sensível à castração tratados com apalutamida fora de ensaios clínicos. Embora o seguimento ainda seja curto, os dados indicam que o controle bioquímico (PSA0,2) é forte preditor de sobrevida. É relevante notar que, diferentemente de ensaios randomizados, o ARON-3 incluiu pacientes com ECOG 2 e metástases apenas linfonodais, ampliando a representatividade populacional. Esses resultados sustentam a aplicabilidade ampla da apalutamida, mas também ressaltam a necessidade de estudos prospectivos que definam o papel da tripla intensificação (ADT + apalutamida + docetaxel) em subgrupos de alto volume, tema que permanece em evolução.
Referência
Santoni M, Büttner T, Rescigno P, et al. Apalutamide in metastatic castration-sensitive prostate cancer: results from the multicenter real-world ARON-3 study. Eur Urol Oncol. Published online November 5, 2024. doi:10.1016/j.euo.2024.11.005.
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