
Análise de subgrupos do estudo TITAN: eficácia e segurança de apalutamida associada à terapia de privação androgênica em diferentes volumes e apresentações metastáticas no câncer de próstata sensível à castração
Autores do Artigo:
Journal
Data da publicação
Autor do Resumo

Editor de Seção

Apoio educacional:

Introdução
Em agosto de 2023 foi publicado na European Journal of Cancer o estudo, em tradução livre, “Apalutamida associada à terapia de privação androgênica em subgrupos clínicos de pacientes com câncer de próstata metastático sensível à castração”. O trabalho avaliou se o volume tumoral e o momento da apresentação metastática (sincrônica ou metacrônica) influenciam a eficácia da combinação de apalutamida e terapia de privação androgênica. A hipótese era de que o benefício da intensificação terapêutica se manteria em todos os subgrupos, independentemente do volume metastático. Confira abaixo mais detalhes do estudo:
Objetivo
Avaliar a eficácia e segurança da apalutamida associada à terapia de privação androgênica em subgrupos de pacientes com câncer de próstata metastático sensível à castração, definidos por volume metastático, número de lesões e momento da apresentação metastática.
Desenho do estudo
Análise de subgrupos, incluindo análises post hoc, do estudo randomizado de fase 3 TITAN, duplo-cego e controlado por placebo.
Número de pacientes
1.052 pacientes foram randomizados (525 para apalutamida + terapia de privação androgênica e 527 para placebo + terapia de privação androgênica).
Período de inclusão
De 15 de dezembro de 2015 a 25 de julho de 2017.
Materiais e Métodos
Pacientes com câncer de próstata metastático sensível à castração e performance status 0–1 foram incluídos. A definição de alto volume seguiu critérios modificados do estudo CHAARTED (≥4 metástases ósseas com pelo menos uma fora da coluna/pelve ou presença de metástase visceral). As apresentações sincrônicas foram definidas como metastáticas ao diagnóstico inicial, e as metacrônicas, como metástases após tratamento do tumor localizado. Foram avaliadas sobrevida global, sobrevida livre de progressão radiográfica, tempo até resistência à castração e até progressão do antígeno prostático específico.
Desfechos
Os desfechos primários do estudo TITAN foram sobrevida global e sobrevida livre de progressão radiográfica. Nesta análise de subgrupos, foram também explorados tempo até progressão do PSA, tempo até resistência à castração, declínio profundo do PSA e segurança.
Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes
Inclusão: homens com doença metastática sensível à castração documentada por imagem convencional, níveis de testosterona em castração e ECOG 0–1.
Exclusão: uso prévio de terapias dirigidas ao receptor de androgênio além de terapia de privação androgênica, ou metástases de caráter duvidoso não confirmadas.
Resultados
Entre os 1052 pacientes, 63% tinham doença de alto volume e 81% apresentavam metástases sincrônicas. A apalutamida melhorou a sobrevida global em praticamente todos os subgrupos, com HR de 0,68 (IC95% 0,53–0,87; p=0,002) para doença sincrônica de alto volume, 0,65 (0,40–1,05; p=0,08) para sincrônica de baixo volume, 0,69 (0,33–1,44; p=0,32) para metacrônica de alto volume e 0,22 (0,09–0,55; p=0,001) para metacrônica de baixo volume.
Resultados semelhantes foram observados para sobrevida livre de progressão radiográfica e tempo até resistência à castração, com benefício consistente em todos os subgrupos.
Nos pacientes tratados com apalutamida, aqueles com até cinco metástases ósseas (“oligometastáticos”) tiveram os melhores desfechos. O benefício se manteve mesmo com maior uso de terapias subsequentes no grupo placebo.
Quanto à segurança, a análise não detalhou eventos específicos, mas indicou que as taxas de eventos adversos, eventos grau 3–4 e eventos adversos graves foram semelhantes entre os grupos, independentemente do volume tumoral ou do tipo de apresentação. Entre os pacientes com alto volume, eventos grau 3–4 ocorreram em 54% no grupo apalutamida e 47% no grupo placebo; em baixo volume, 43% e 33%, respectivamente. De acordo com os dados originais do estudo TITAN (NEJM 2019), rash ocorreu em 27% dos pacientes tratados com apalutamida (grau 3 em 6%), sendo a maioria dos casos manejável com suspensão temporária e tratamento tópico, sem necessidade de descontinuação permanente.
Conclusão do Trabalho
A associação de apalutamida à terapia de privação androgênica proporcionou benefício consistente em todos os subgrupos analisados, independentemente do volume metastático ou do momento da apresentação. O perfil de segurança foi favorável e similar entre os grupos, reforçando a eficácia e a tolerabilidade da intensificação precoce do bloqueio do receptor androgênico.
Comentário Editorial
Esta análise reforça que o benefício da apalutamida, no contexto de intensificação terapêutica para o câncer de próstata metastático sensível à castração, se estende de forma consistente a todos os subgrupos de doença, independentemente do volume de acordo com os critérios do CHAARTED ou da forma de apresentação da doença (se mestastática de novo ou não). O perfil de segurança relatado, coerente com os dados do estudo TITAN original, confirma a baixa frequência de rash grau 3 e a predominância de eventos adversos manejáveis, sem evidência de novas toxicidades relevantes. Esses achados reforçam o equilíbrio favorável entre eficácia e tolerabilidade, sustentando o papel dessa estratégia como opção eficaz e segura para intensificação precoce em todo o espectro do câncer de próstata metastático sensível à castração.
Referência
Merseburger AS, Agarwal N, Bhaumik A, et al. Apalutamide plus androgen deprivation therapy in clinical subgroups of patients with metastatic castration-sensitive prostate cancer: A subgroup analysis of the randomised clinical TITAN study. European Journal of Cancer. Published online August 11, 2023:193:113290. doi:10.1016/j.ejca.2023.113290.
Outros Resumos
-
Postado: set/2025
Estatísticas do câncer de próstata em 2025 nos Estados Unidos

