
Quimioterapia neoadjuvante para carcinoma urotelial de trato urinário superior localizado de alto risco: desfechos finais de longo prazo e coorte expandida
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Introdução
Em agosto de 2025 foi publicado na revista European Urology o estudo (em tradução livre) “Quimioterapia neoadjuvante para carcinoma urotelial de trato urinário superior localizado de alto risco: desfechos finais de longo prazo de um estudo clínico de fase 2 e coorte expandida”, que avaliou o uso de quimioterapia neoadjuvante à base de cisplatina em pacientes com carcinoma urotelial do trato urinário superior de alto risco. A hipótese era de que a quimioterapia neoadjuvante poderia aumentar a taxa de resposta patológica e melhorar os desfechos oncológicos de longo prazo. O estudo mostrou benefício duradouro em sobrevida nos pacientes respondedores, com resultados confirmados em coorte expandida. Confira abaixo mais detalhes do estudo:
Objetivo
Avaliar os desfechos oncológicos de longo prazo da quimioterapia neoadjuvante com gemcitabina e cisplatina em pacientes com carcinoma urotelial do trato urinário superior de alto risco.
Desenho do estudo
Estudo de fase 2 prospectivo multicêntrico, complementado por coorte retrospectiva institucional expandida.
Número de pacientes
57 pacientes na coorte do estudo de fase 2 e 69 pacientes na coorte expandida, totalizando 126 casos.
Período de inclusão
Estudo de fase 2: 2011 a 2019.
Coorte expandida: 2000 a 2024.
Materiais e Métodos
No estudo de fase 2, os pacientes receberam quatro ciclos de gemcitabina (1000 mg/m²) e cisplatina em dose dividida (35 mg/m² nos dias 1 e 8 a cada 21 dias), seguidos de nefroureterectomia radical com linfadenectomia dentro de 12 semanas. A coorte expandida incluiu pacientes tratados na mesma instituição com até quatro ciclos de esquemas à base de cisplatina (gemcitabina/cisplatina, gemcitabina/carboplatina ou MVAC). Foram avaliados desfechos de sobrevida livre de doença, sobrevida câncer-específica, sobrevida global e sobrevida livre de recidiva vesical, estratificados pela resposta patológica.
Desfechos
A análise primária avaliou sobrevida livre de doença (DFS), sobrevida câncer-específica (CSS), sobrevida global (OS) e sobrevida livre de recidiva vesical (B-RFS), estratificadas de acordo com a resposta patológica à quimioterapia neoadjuvante na coorte de fase 2. A análise secundária avaliou os mesmos desfechos na coorte expandida, que incluiu os pacientes do estudo de fase 2 e de uma coorte independente.
Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes
Incluídos pacientes com carcinoma urotelial de alto risco definido por biópsia de alto grau ou por doença invasiva radiológica (cT2–4a) com citologia urinária positiva ipsilateral.
Excluídos pacientes com carcinoma in situ isolado, câncer de bexiga músculo-invasivo prévio à nefroureterectomia ou uso de terapia adjuvante sistêmica.
Resultados
A mediana de idade foi de 66 anos (IIQ 58–71) na coorte de fase 2 e de 70 anos (IIQ 62–73) na coorte expandida. História prévia de câncer de bexiga esteve presente em 37% e 36% dos casos, respectivamente. A localização tumoral mais comum foi a pelve renal (54% e 51%), seguida por ureter (14% e 20%) e doença multifocal (32% e 29%). Hidronefrose foi observada em 63% e 59% dos pacientes.
Na coorte de fase 2, após mediana de seguimento de 5,4 anos, as taxas estimadas de sobrevida em 7 anos foram de 60% para DFS, 77% para CSS e 72% para OS. A resposta patológica foi observada em 63% dos pacientes, sendo 19% de resposta completa. Respondedores tiveram desfechos substancialmente melhores em comparação a não respondedores: DFS em 7 anos de 78% versus 31%, CSS de 90% versus 56% e OS de 87% versus 48%.
Na coorte expandida de 126 pacientes, com mediana de seguimento de 4,3 anos, os respondedores também tiveram melhores taxas de sobrevida em 5 anos: DFS de 81% versus 49%, CSS de 96% versus 78% e OS de 88% versus 71%. Entretanto, em ambas as análises, a resposta não se associou à sobrevida livre de recidiva na bexiga.
Conclusão do Trabalho
A quimioterapia neoadjuvante à base de cisplatina proporciona benefício duradouro em pacientes com carcinoma urotelial de trato urinário superior de alto risco, sendo a resposta patológica um forte preditor de prognóstico.
Comentário Editorial
Este estudo fornece a primeira evidência prospectiva de longo prazo de benefício clínico da quimioterapia neoadjuvante no cenário de tumor urotelial de trato urinário superior localizado de alto risco. Os resultados alinham-se aos achados do estudo POUT, que demonstrou eficácia da quimioterapia adjuvante, sugerindo que tanto estratégias neoadjuvantes quanto adjuvantes podem ser válidas. Contudo, como grande parte dos pacientes se torna inelegível para cisplatina após cirurgia, a estratégia neoadjuvante pode ser preferível. O fato de a resposta patológica não se correlacionar com risco de recidiva vesical reforça a necessidade de seguimento e estratégias específicas de prevenção intravesical.
Referência
Jayalath VH, Assel M, Iyer G, Niglio S, Bochner BH, Dalbagni G, et al. Neoadjuvant chemotherapy for high-risk localized upper tract urothelial carcinoma: final long-term outcomes from a phase 2 clinical trial and an expanded cohort. Eur Urol. Published online August 20, 2025. doi:10.1016/j.eururo.2025.08.012
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