
Desfechos de sobrevida com apalutamida como tratamento inicial: impacto em pacientes do mundo real com câncer de próstata sensível à castração metastático (OASIS)
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Introdução
Em dezembro de 2024 foi publicado na revista Prostate Cancer and Prostatic Diseases o estudo OASIS (em tradução livre, Desfechos de sobrevida com apalutamida como tratamento inicial: impacto em pacientes do mundo real com câncer de próstata sensível à castração metastático), que avaliou os resultados de sobrevida e resposta de PSA entre diferentes estratégias de intensificação inicial no cenário metastático sensível à castração em cenário de vida real nos Estados Unidos. A hipótese era de que a combinação de apalutamida e terapia de privação androgênica (ADT) resultaria em maior sobrevida global e controle mais rápido e profundo do PSA em comparação a outras opções disponíveis. Confira abaixo mais detalhes do estudo:
Objetivo
Comparar os desfechos clínicos de pacientes com câncer de próstata metastático sensível à castração tratados com apalutamida + ADT versus outras estratégias iniciais de intensificação (enzalutamida, abiraterona, docetaxel) e ADT isolada, em uma coorte representativa do mundo real nos Estados Unidos.
Desenho do estudo
Estudo observacional, retrospectivo, de coorte, baseado em registros eletrônicos de saúde do banco de dados ConcertAI RWD 360 Prostate Cancer Dataset.
Número de pacientes
Período de inclusão
De 1 de janeiro de 2018 a 30 de junho de 2023, com seguimento até janeiro de 2024.
Materiais e Métodos
Os pacientes foram identificados por meio do código CID-10 e incluídos se apresentassem diagnóstico confirmado de câncer de próstata metastático sensível à castração. Foram excluídos indivíduos com outras neoplasias prévias (exceto câncer de pele não melanoma e câncer de bexiga tratado apenas com ressecção transuretral). Os desfechos avaliados incluíram: tempo para declínio de PSA ≥50% (PSA50) e ≥90% (PSA90), tempo até PSA indetectável (≤0,2 ng/mL), tempo até resistência à castração e sobrevida global. As análises foram conduzidas por modelos de Cox ponderados por probabilidade inversa de tratamento (IPTW), ajustados por idade, índice de comorbidades de Charlson, índice de massa corporal e PSA basal.
Desfechos
Sobrevida global, tempo até resistência à castração, tempo até PSA50, PSA90 e PSA indetectável (≤0,2 ng/mL).
Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes
Foram incluídos homens com idade ≥18 anos, diagnóstico de câncer de próstata metastático hormônio-sensível e registro completo de PSA e dados clínicos no banco ConcertAI. Foram excluídos casos sem confirmação de sensibilidade hormonal ou com dados incompletos para análise longitudinal.
Resultados
A média de idade foi semelhante entre os grupos (69–74 anos). Pacientes tratados com docetaxel apresentaram maior proporção de metástases viscerais (16,9%) em comparação aos demais (4,2–8,5%). Diabetes, insuficiência cardíaca e doença renal foram as comorbidades mais comuns.
Aos 3 meses, as taxas de resposta PSA50, PSA90 e PSA indetectável foram, respectivamente: 70%, 49% e 44% para apalutamida + ADT; 60%, 38% e 32% para enzalutamida + ADT; 59%, 37% e 33% para abiraterona + ADT; e 32%, 15% e 20% para ADT isolada.



A sobrevida global em 24 meses foi de 66% com apalutamida + ADT, comparada a 55% (enzalutamida + ADT), 59% (abiraterona + ADT), 42% (docetaxel + ADT) e 54% (ADT isolada). A combinação de apalutamida + ADT reduziu significativamente o risco de morte em relação a todos os outros grupos: HR 0,66 versus enzalutamida + ADT (IC95% 0,51–0,87), HR 0,72 versus abiraterona + ADT (IC95% 0,55–0,94), HR 0,38 versus docetaxel + ADT (IC95% 0,28–0,52) e HR 0,64 versus ADT isolada (IC95% 0,49–0,84). O tempo até resistência à castração também foi mais prolongado para apalutamida + ADT, com HR 0,68 versus enzalutamida + ADT e HR 0,40 versus ADT isolada.

Conclusão do Trabalho
O tratamento inicial com apalutamida associada à terapia de privação androgênica foi associado a respostas mais rápidas e profundas de PSA, maior tempo até resistência à castração e sobrevida global superior em comparação a outras opções de intensificação ou ADT isolada neste estudo retrospectivo de vida real.
Comentário Editorial
O estudo OASIS complementa de forma relevante os achados do estudo clínico de fase 3 TITAN, ao demonstrar que o benefício da apalutamida observado em ambiente controlado se traduz também na prática clínica real. Os resultados reforçam que, entre as terapias de intensificação disponíveis — apalutamida, enzalutamida, abiraterona e docetaxel —, a apalutamida foi associada ao maior impacto em sobrevida e controle do PSA.
Ainda assim, o estudo evidencia que um número expressivo de pacientes continua recebendo apenas ADT, apesar das diretrizes recomendarem a intensificação. Isso reforça a necessidade de individualizar a escolha terapêutica com base em comorbidades, preferências do paciente, volume de doença e disponibilidade de recursos.
Entre as limitações, destacam-se o pequeno número de pacientes tratados com apalutamida nessa coorte, o desenho retrospectivo e o potencial viés de seleção, inerente à análise de dados observacionais. Apesar dessas limitações, a consistência dos achados e o rigor metodológico da análise ajustada fortalecem as conclusões de que a apalutamida representa uma das estratégias mais eficazes para intensificação precoce no cenário metastático sensível à castração.
Referência
Maughan BL, Liu Y, Mundle S, et al. Survival outcomes of apalutamide as a starting treatment: impact in real-world patients with metastatic hormone-sensitive prostate cancer (OASIS). Prostate Cancer and Prostatic Diseases. Published online December 9, 2024. doi:10.1038/s41391-024-00929-6
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Postado: set/2025
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