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Análise final do estudo europeu ArtemisR: experiência em vida real com apalutamida associada à terapia de privação androgênica em pacientes com câncer de próstata metastático sensível à castração

Autores do Artigo: 

Boegemann M, Bennamoun M, Dourthe LM, et al.

Journal

BMC Cancer

Data da publicação

Maio 2025

Autor do Resumo

Editor de Seção

Apoio educacional:

  

Introdução

Em maio de 2025 foi publicado na revista BMC Cancer o estudo ArtemisR, que avaliou os resultados em vida real do uso de apalutamida em combinação com terapia de privação androgênica em pacientes com câncer de próstata metastático sensível à castração. A hipótese foi que a eficácia e a segurança observadas no estudo pivotal TITAN também seriam reproduzidas em cenários clínicos reais, incluindo subgrupos não bem representados nos estudos de fase 3, como pacientes diagnosticados com novas modalidades de imagem, com doença M1a isolada e aqueles tratados com radioterapia concomitante. Confira abaixo mais detalhes do estudo:

Objetivo

Avaliar a eficácia e a segurança da apalutamida associada à terapia de privação androgênica em pacientes com câncer de próstata metastático sensível à castração no contexto da prática clínica europeia.

Desenho do estudo

Estudo retrospectivo, observacional e multicêntrico conduzido em 24 centros de urologia e oncologia de quatro países europeus (Alemanha, França, Espanha e Áustria).

Número de pacientes

Foram incluídos 242 pacientes.

Período de inclusão

Entre a data local de reembolso da apalutamida e 30 de agosto de 2021. O seguimento mediano foi de 25,5 meses.

Materiais e Métodos

Foram analisados prontuários médicos de homens adultos com diagnóstico de câncer de próstata metastático sensível à castração tratados com apalutamida associada à terapia de privação androgênica. As variáveis avaliadas incluíram taxas de resposta do antígeno prostático específico (redução ≥50%, ≥90% e níveis indetectáveis <0,2 ng/mL), tempo até resposta, proporção de pacientes ainda em tratamento, proporção livre de progressão para doença resistente à castração e sobrevida aos 12 meses. Eventos adversos foram classificados segundo registros clínicos, e análises multivariadas foram conduzidas por modelo de riscos proporcionais de Cox.

Desfechos

Os principais desfechos foram as taxas de resposta de PSA (PSA50, PSA90 e PSA indetectável), tempo até resposta, tempo até progressão para doença resistente à castração, sobrevida e segurança.

Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes

Foram incluídos homens adultos (≥18 anos) com diagnóstico histológico ou citológico de câncer de próstata metastático sensível à castração, estabelecido a critério do médico de acordo com diretrizes vigentes, que iniciaram apalutamida em combinação com terapia de privação androgênica na prática clínica entre a data local de reembolso da apalutamida e 30 de agosto de 2021.

Resultados

A mediana de idade foi de 71 anos (intervalo interquartil 66–77). No início do tratamento, 52,9% apresentavam doença de alto volume e 37,2% de baixo volume; 24,4% tinham metástases metacrônicas (M0 no diagnóstico inicial) e 64,5% metástases sincrônicas. Pacientes com doença M1a isolada representaram 11,6% e 18,2% receberam radioterapia concomitante. A mediana do PSA basal foi de 11,7 ng/mL (intervalo interquartil 1,8–61,2). Um total de 80 pacientes (35,1%) foi diagnosticado com câncer de próstata metastático sensível à castração por meio de técnicas de imagem de nova geração (PET com PSMA, PET com colina, PET-FDG ou ressonância magnética de corpo inteiro), enquanto 147 (64,5%) foram diagnosticados com métodos convencionais.

Dentro de 3 meses do início da apalutamida, 94,4% atingiram PSA50, 70,8% PSA90 e 42,2% PSA indetectável; em 12 meses, essas taxas foram 95,9%, 81,5% e 60,7%, respectivamente. As medianas dos tempos até PSA50, PSA90 e PSA indetectável foram de 1,08 meses (IC95% 0,99–1,28), 1,94 meses (IC95% 1,54–2,27) e 3,48 meses (IC95% 2,92–5,68).

Entre os subgrupos, pacientes diagnosticados com novas modalidades de imagem (35,1%) apresentaram resposta semelhante, com PSA90 em 82,6% e PSA indetectável em 81,7% em 12 meses. Em pacientes com M1a isolado, PSA90 foi alcançado por 81,5% e PSA indetectável por 80%. Aqueles tratados com radioterapia concomitante apresentaram respostas particularmente rápidas (PSA90 em 97,4% e PSA indetectável em 73,7%).

Na análise multivariada, idade <65 anos, PSA basal <10 ng/mL, doença metacrônica e uso concomitante de radioterapia foram associados a resposta mais rápida. Aos 12 meses, 94,2% estavam vivos e 91% sem progressão para doença resistente à castração.

Eventos adversos relacionados à apalutamida foram registrados em 90 pacientes (37,2%), sendo 11 (4,5%) de grau 3–4 e 2 (0,8%) eventos graves. Seis pacientes (2,5%) descontinuaram o tratamento por toxicidade, e 15 (6,2%) necessitaram redução de dose. Os eventos mais comuns foram ondas de calor (31 casos), rash cutâneo (23) e astenia (18). Não houve eventos fatais atribuídos à medicação.

Conclusão do Trabalho

A análise final do ArtemisR confirmou, em prática clínica europeia, que a apalutamida associada à terapia de privação androgênica promove resposta profunda e rápida do PSA em pacientes com câncer de próstata metastático sensível à castração, incluindo subgrupos não representados nos estudos pivotais. O perfil de segurança foi consistente com o previamente conhecido, sem novos sinais de toxicidade.

Comentário Editorial

O estudo ArtemisR amplia as evidências do benefício da apalutamida observadas no estudo TITAN (N Engl J Med 2019; 381:13–24), ao demonstrar em vida real taxas semelhantes de resposta do PSA, inclusive em populações mais heterogêneas. O rápido declínio de PSA foi reproduzido mesmo em pacientes diagnosticados por PET-PSMA, com doença M1a isolada ou submetidos à radioterapia concomitante, o que reforça a aplicabilidade do regime no cenário contemporâneo, em que o estadiamento molecular redefine o conceito de volume metastático. As limitações principais incluem o caráter retrospectivo, o potencial viés de seleção e o número reduzido de pacientes em subgrupos específicos. A combinação de apalutamida com radioterapia desponta como área de interesse crescente, mas ainda carece de validação prospectiva. No contexto atual de intensificação terapêutica do câncer de próstata metastático sensível à castração — com opções que incluem abiraterona, enzalutamida, darolutamida e docetaxel —, a escolha individualizada deve considerar idade, comorbidades e acesso, reservando a apalutamida como alternativa eficaz e segura para ampla gama de pacientes.

Referência

Boegemann M, Bennamoun M, Dourthe LM, et al. Final analysis of ArtemisR, a European real-world retrospective study of apalutamide for the treatment of patients with metastatic hormone-sensitive prostate cancer. BMC Cancer. Published online May 8, 2025. doi:10.1186/s12885-025-14294-7

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