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Novos Fatores Prognósticos para Recidiva em Pacientes com Seminoma de Testículo Estágio Clínico I

Autores do Artigo: 

Wagner T et al.

Journal

Journal of Clinical Oncology

Data da publicação

Dezembro 2023

Autor do Resumo

Editor de Seção

  

Introdução

Em Setembro de 2023, foi publicado na revista Journal of Clinical Oncology o estudo - em tradução livre - “Fatores prognósticos para recidiva em pacientes com seminoma testicular em estágio clínico I: um estudo de coorte nacional baseado na população”. Essa coorte se propôs a identificar fatores de risco associados à recorrência após orquiectomia em pacientes diagnosticados com seminoma de testículo localizado. Invasão tumoral do hilo testicular, invasão linfovascular e valores séricos elevados de desidrogenase lática (LDH) e beta-hCG pré-orquiectomia foram identificados como preditores independentes de recorrência de doença - diferentemente dos fatores previamente estabelecidos: tamanho do tumor > 4 cm e invasão da rete testis.

Consulte abaixo a descrição mais detalhada do trabalho: 

Objetivo

Identificar fatores prognósticos associados à recorrência do seminoma de testículo estágio I após orquiectomia.

Desenho do estudo

Coorte dinamarquesa, dados coletados do banco de dados Danish Testicular Cancer.

Número de pacientes

924

Período de inclusão

Janeiro de 2013 a Dezembro de 2018 

Materiais e Métodos

Seguimento mediano: 6,3 anos

Desfechos

Desfecho primário: Sobrevida livre de recorrência

Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes

Critérios de elegibilidade: 

- Seminoma de testículo estádio clínico I

- Dosagens séricas de beta-hCG e LDH normalizadas após orquiectomia
- Sem evidência de doença por tomografias de tórax, abdome e pelve
- Não terem recebido tratamento adjuvante (a Dinamarca é o único país onde todos os pacientes com seminoma estágio I são manejados com seguimento)

Resultados

Após um follow-up mediano de 6,3 anos, 148 pacientes (16%) apresentaram recorrência de doença, sendo metade destas em 1,05 anos. A sobrevida global em 5 anos foi de 97%, e o risco cumulativo de recorrência em 5 anos foi de 15,9%.

Na análise multivariada, elevação de b-hCG pré-orquiectomia, elevação de LDH pré-orquiectomia, invasão linfovascular e invasão do hilo testicular foram identificados como fatores preditivos independentes para recorrência. O risco de recidiva em 5 anos variou de acordo com a combinação dos fatores de riscos acima descritos, conforme tabela abaixo.




Número de fatores

Número de pacientes (%)

Risco de recorrência em 5 anos

0

n = 235 (27%)

6%

1

n = 287 (33%)

10% a 16%

2

n = 188 (22%)

18% a 27%

3

n = 71 (8%)

29% a 42%

4

n = 15 (2%)

62%

O novo modelo prognóstico proporcionou uma melhor capacidade de discriminação do risco de recorrência em relação ao modelo prévio (índice C do novo modelo = 0,70 vs índice C do modelo anterior = 0,63). O tamanho do tumor foi associado a um risco aumentado de recidiva na análise univariada, concordante com diversos estudos anteriores, porém, o significado prognóstico do tamanho do tumor foi substituído pelo LDH e b-hCG nas análises multivariadas.

Comentário Editorial

A coorte apresentada traz uma nova perspectiva em relação ao risco de recorrência dos pacientes com seminoma estágio I. Além dos dados de uma patologia centralizada, o estudo atual traz a vantagem de não ter sido "contaminado" com dados de outras estratégias que não o seguimento exclusivo dos pacientes.

A invasão do hilo testicular, invasão linfovascular e os valores séricos elevados de LDH e b-hCG pré-orquiectomia foram preditores independentes de recidiva. Tendo em vista que uma vez que o modelo atual parece discriminar melhor os risco de recorrência após orquiectomia no estágio I do seminoma, os mesmos devem substituir os critérios até então utilizados (tamanho do tumor ≥ 4 cm e invasão de rete testis), e devem ser incorporados nos ensaios clínicos que propõe avaliar as estratégias pós-operatórias nesse cenário. 

Apesar da melhor discriminação do risco de recidiva, no entanto, os dados apresentados no estudo atual não são suficientes para mudança de prática clínica em relação a indicação de tratamento adjuvante.

Referência

Wagner T, Toft BG, Lauritsen J, et al. Prognostic Factors for Relapse in Patients With Clinical Stage I Testicular Seminoma: A Nationwide, Population-Based Cohort Study. J Clin Oncol. 2024;42(1):81-89. doi:10.1200/JCO.23.00959

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