
Achados Urodinâmicos Podem Prever os Resultados e Complicações das Injeções Intravesicais de Onabotulinumtoxina A para Bexiga Hiperativa?
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Introdução
O artigo "Achados Urodinâmicos Podem Prever os Resultados e Complicações das Injeções Intravesicais de Onabotulinumtoxina A para Bexiga Hiperativa?", publicado na Neurourology and Urodynamics, avalia se achados urodinâmicos basais podem prever os desfechos subjetivos e complicações das injeções intravesicais de onabotulinumtoxina A (Botox A) no tratamento da bexiga hiperativa refratária (OAB). O estudo examina a resposta clínica e a incidência de dificuldades miccionais pós-tratamento em uma grande coorte de pacientes.
Objetivo
Avaliar se os achados de estudos urodinâmicos prévios ao tratamento podem prever os desfechos clínicos e a necessidade de cateterização pós-injeção de Botox A em pacientes com OAB refratária.
Desenho do estudo
Estudo retrospectivo de centro único
Número de pacientes
407 pacientes
Materiais e Métodos
Estudo retrospectivo de centro único com 407 pacientes (mediana de idade 61 anos, 70% mulheres) tratados com Botox A para OAB refratária entre 2006 e 2018. Os desfechos foram avaliados pelo Patient Global Impression of Improvement (PGI-I) e pela incidência de necessidade de cateterização pós-tratamento. A correlação entre esses resultados e parâmetros urodinâmicos basais foi analisada.
Resultados
Resposta ao Tratamento
- 67% dos pacientes relataram uma boa resposta ao Botox A (PGI-I ≤ 2).
- Mulheres apresentaram melhor resposta ao tratamento do que homens (p = 0,034).
- Pacientes com contração detrusora prolongada na fase de esvaziamento tiveram maior chance de resposta satisfatória.
Parâmetros Urodinâmicos e Previsão da Resposta
- A duração da contração detrusora durante a micção (Detrusor Contraction Duration, DCD) foi o único parâmetro urodinâmico significativamente associado a um melhor desfecho clínico.
- Outros achados, como hiperatividade detrusora idiopática (IDO), volume de enchimento da bexiga e fluxo máximo urinário, não demonstraram correlação estatisticamente significativa com a resposta ao tratamento.
Necessidade de Cateterização Pós-Tratamento
- 24% dos pacientes desenvolveram necessidade de cateterismo intermitente limpo (CIC) ou uso de sonda de demora após o Botox A.
- A incidência de dificuldades miccionais foi maior entre os pacientes que relataram boa resposta ao tratamento (p = 0,033 para mulheres e p = 0,011 para homens).
- Nenhum parâmetro urodinâmico foi preditivo da necessidade de cateterização pós-tratamento.
Fatores Não Relacionados à Resposta ou Complicações
- A presença de obstrução urinária, incontinência urinária de esforço ou histórico de cirurgias urológicas prévias não impactou significativamente o sucesso terapêutico.
- A idade avançada foi associada a um aumento na necessidade de cateterização (p = 0,036 para mulheres e p = 0,063 para homens), mas com baixa acurácia preditiva.
Conclusão do Trabalho
A resposta ao Botox A foi mais frequente em mulheres e se correlacionou com maior duração da contração detrusora durante a micção, enquanto outros achados urodinâmicos não apresentaram valor preditivo significativo. A necessidade de cateterização pós-tratamento esteve associada à melhora clínica relatada pelos pacientes, mas não foi predita por parâmetros urodinâmicos.
Comentário Editorial
Este estudo reforça a eficácia e segurança do Botox A no tratamento da OAB refratária, mas destaca a complexidade na previsão de seus desfechos por meio da urodinâmica. A descoberta de que a duração da contração detrusora é um fator preditivo pode ter implicações clínicas no aconselhamento pré-tratamento. A alta taxa de satisfação dos pacientes, mesmo com a necessidade de cateterização em alguns casos, sugere que o alívio dos sintomas de OAB compensa possíveis efeitos adversos. Estudos futuros devem explorar a aplicabilidade de novos marcadores urodinâmicos para otimizar a seleção de candidatos ao Botox A.
Referência
Aleksejeva K, Scrimgeour G, Axell R, et al. Can Baseline Urodynamic Findings Predict the Outcomes and Complications of Intravesical Injections of Onabotulinum Toxin A for Overactive Bladder? Neurourology and Urodynamics. 2025. DOI: 10.1002/nau.70000.
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