Optilume, uma solução minimamente invasiva para HPB e estenose uretral: o que sabemos, o que precisamos? Uma revisão de endourologia da EAU

A presente revisão de escopo oferece uma visão abrangente e atualizada sobre o Optilume, uma tecnologia que tem gerado considerável interesse na urologia. A proposta de combinar dilatação mecânica com a ação antiproliferativa do paclitaxel é teoricamente sólida para evitar a formação de cicatrizes, um desafio persistente no tratamento de estenoses e HPB.
Na urologia buscamos constantemente soluções minimamente invasivas que ofereçam resultados duradouros com menor morbidade. O Optilume se insere nesse contexto, prometendo uma alternativa aos procedimentos cirúrgicos mais invasivos e às dilatações simples, que frequentemente resultam em altas taxas de recorrência.
Os resultados apresentados nesta revisão são encorajadores. Para estenoses uretrais, a taxa de sucesso sem reintervenção em 5 anos (71,7%) é notável e sugere uma durabilidade que supera muitas abordagens endoscópicas tradicionais. Para HPB, a melhora sintomática e funcional, aliada à preservação da função sexual, é um diferencial importante, especialmente considerando as preocupações dos pacientes com os efeitos colaterais de outras terapias. O perfil de segurança, com eventos adversos geralmente leves e transitórios, reforça o apelo do método. Entretanto, uma melhora inferior nos sintomas de armazenamento entre os não respondedores sugere que fatores como a hiperatividade do detrusor precisam ser cuidadosamente abordados, destacando a importância da seleção criteriosa de pacientes e potencialmente o uso da urodinâmica nesse contexto.
É fundamental reconhecer as limitações inerentes a uma revisão sistemática. A qualidade dos estudos primários incluídos foi variada; a própria revisão aponta "preocupações" com dados de desfecho ausentes em ensaios randomizados e a variabilidade nos escores MINORS para estudos de braço único. A ausência de grupos controle em alguns estudos de HPB (como o EVEREST-I) e a restrição de volume prostático (<80 mL) limitam a generalização dos achados para toda a população de pacientes com HPB. Além disso, embora o artigo mencione o potencial de custo-efetividade, análises econômicas mais robustas e específicas para diferentes sistemas de saúde ainda são necessárias. A comparação direta com outras terapias minimamente invasivas (MISTs) existentes não foi o foco principal, o que seria valioso para posicionar o Optilume no algoritmo de tratamento.
O Optilume emerge como uma tecnologia promissora e minimamente invasiva para o tratamento de estenoses uretrais e HPB. As evidências atuais, embora ainda em evolução, sugerem um perfil favorável de eficácia e segurança, com potencial para reduzir a necessidade de reintervenções e preservar a qualidade de vida, incluindo a função sexual. Contudo, para que o Optilume atinja seu pleno potencial e seja amplamente adotado, são imperativos estudos futuros de alta qualidade, incluindo ensaios clínicos randomizados com seguimento de longo prazo, comparações diretas com outras modalidades terapêuticas e validação em populações mais diversas e com características clínicas mais desafiadoras.