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ADT mais SBRT versus SBRT isolada para câncer de próstata oligorrecorrente sensível à hormonioterapia: estudo RADIOSA

Autores do Artigo

Marvaso et al.

Revista

The Lancet Oncology

Data da publicação

Março 2025

Autor do Resumo

Editor

Publicação do Resumo

Março 2025

  

Introdução

Foi publicado em Março de 2025 o estudo - em tradução livre - "ADT mais SBRT versus SBRT isolada para câncer de próstata oligorrecorrente sensível à hormonioterapia (RADIOSA): estudo randomizado, aberto, de fase 2", na revista Lancet Oncology

Confira abaixo mais detalhes do estudo:

Objetivo

Avaliar se um curso rápido de terapia de privação androgênica (ADT) em conjunto com SBRT pode aumentar a sobrevida livre de progressão versus SBRT isolada em homens com câncer de próstata oligorrecorrente. 

Desenho do estudo

Estudo de fase 2, aberto, em centro único (Milão, Itália), controlado. O braço controle de tratamento foi o uso de SBRT isolada em todos os sítios metastáticos. O braço experimental foi o uso de SBRT mais ADT por 6 meses.

Número de pacientes

218 pacientes foram analisados para elegibilidade, 113 foram excluídos e 105 foram randomizados (52 para SBRT isolada e 53 para SBRT mais ADT).

Período de inclusão

Agosto de 2019 a Abril de 2023.

Materiais e Métodos

Grupos de comparação:

- SBRT isolada

- SBRT + ADT por 6 meses

 

ADT foi realizado com uso de análogo de LHRH trimestral em 2 doses. SBRT das lesões metastáticas foi realizada em 3 frações de 30 Gy em dias alternados.

Desfechos

Desfecho primário: sobrevida livre de progressão. 

Desfechos secundários: sobrevida global, sobrevida livre de progressão bioquímica, sobrevida livre de ADT, controle local, toxicidades relacionadas ao tratamento e toxicidades tardias, qualidade de vida e análise de biomarcadores.

Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes

Pacientes com idade 18 anos ou mais, com diagnóstico de adenocarcinoma de próstata e com progressão bioquímica após prostatectomia radical ou radioterapia com ou sem ADT prévio, com recorrência nodal ou óssea avaliada por PSMA PET/CT, PET colina ou ressonância de corpo inteiro, com até no máximo 3 lesões, com ECOG 0 ou 1 e testosterona sérica acima de 50 ng/dL. Presença de metástases viscerais não era permitida.

Resultados

A idade mediana no estudo foi de 70 anos. Os pacientes incluídos foram em sua maioria tratados previamente com prostatectomia (94%). A mediana de PSA na entrada do estudo foi de 1,65 (grupo SBRT) e 1,84 ng/mL (grupo SBRT + ADT). A maior parte dos pacientes foi estadiada utilizando PET PSMA (65% e 61%) e PET colina (20% e 27%). Apenas uma pequena parte dos pacientes foram estadiados com ressonância de corpo inteiro (8% no grupo SBRT isolada). A maior parte dos sítios re recorrência eram linfonodos (61% e 67%). Grande parte dos pacientes (64%) tinham apenas um sítio de metástase, 27% tinham 2 sítios e 10% tinham 3 sítios de metástases. Não houve toxicidades relacionadas ao tratamento ou descontinuação de tratamento. 

 A análise do desfecho primário foi realizada nos 102 pacientes (51 em cada grupo) que realizaram o tratamento. Após um seguimento mediano de 31 meses, foi evidenciada uma melhora significante na sobrevida livre de progressão (HR 0,43, IC 95% 0,26-0,72), com mediana 15,1 meses versus 32,2 meses favorecendo o grupo SBRT mais ADT por 6 meses. Do mesmo modo, houve melhora na sobrevida livre de progressão bioquímica (HR 0,40, mediana 12,6 vs 26,8 meses). A sobrevida global foi de 100% no primeiro ano e 95% em 2 anos na população inteira. 

Comentário Editorial

O estudo RADIOSA foi o primeiro estudo randomizado a avaliar o papel da adição de um curso curto de ADT à SBRT de lesões oligometastáticas no câncer de próstata recorrente. O estudo foi positivo para o seu desfecho primário de sobrevida livre de progressão, mostrando uma grande magnitude de benefício com a adição de ADT à SBRT, superior a 12 meses em termos de mediana. Importante salientar que esse foi um dos primeiros estudos a incluir a avaliação de doença oligometastática através do PSMA PET/CT em pacientes com recorrência bioquímica, tendo permitido a inclusão de pacientes com até 3 lesões metastáticas. O pequeno número de pacientes avaliados assim como o tempo de seguimento ainda muito curto impede uma análise mais robusta de desfechos mais sólidos como sobrevida global. 

Referência

Marvaso et al. ADT with SBRT versus SBRT alone for hormone-sensitive oligorecurrent prostate cancer (RADIOSA): a randomised, open-label, phase 2 clinical trial. Lancet Oncol 2025 Mar;26(3):300-311

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