
Eficácia do Diazepam Intravaginal para o Transtorno Hipertônico do Assoalho Pélvico: Uma Revisão Sistemática e Meta-análise
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Introdução
O transtorno hipertônico do assoalho pélvico (HTPFD) é uma condição neuromuscular caracterizada por espasmos involuntários dos músculos levantadores do ânus, frequentemente resultando em dor pélvica, dispareunia e disfunção vesical ou intestinal. Esta condição é comumente associada a síndromes como vulvodínia, cistite intersticial e dor miofascial pélvica. As opções de tratamento atuais, incluindo fisioterapia do assoalho pélvico e intervenções farmacológicas, possuem evidências limitadas que sustentam sua eficácia. O diazepam intravaginal tem sido cada vez mais utilizado como tratamento de segunda linha para a hipertonicidade do assoalho pélvico, devido à sua capacidade de induzir relaxamento muscular, com a vantagem de minimizar os efeitos adversos sistêmicos em comparação com a administração oral. No entanto, existem lacunas críticas no conhecimento sobre sua eficácia, dosagem ideal, duração do tratamento e segurança a longo prazo.
Objetivo
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia dos supositórios de diazepam intravaginal na redução do tônus muscular do assoalho pélvico e no alívio dos sintomas associados em mulheres com HTPFD.
Desenho do estudo
Trata-se de uma revisão sistemática e meta-análise, conduzida de acordo com as diretrizes PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) e registrada no PROSPERO.
Número de pacientes
Após a identificação inicial de 329 publicações e a remoção de duplicatas, 282 artigos foram considerados. Destes, apenas dois estudos (publicados em 2010 e 2013) atenderam aos critérios de inclusão e foram incorporados à meta-análise. Um dos estudos incluiu 14 participantes e o outro 35 participantes que completaram o acompanhamento.
Período de inclusão
A busca sistemática da literatura foi realizada em julho de 2024, abrangendo bases de dados como PubMed e Google Scholar.
Materiais e Métodos
O estudo utilizou uma metodologia rigorosa para identificar, selecionar e analisar a literatura existente. A busca foi realizada usando termos como "dor pélvica crônica", "diazepam", "disfunção do assoalho pélvico hipertônico", entre outros. Foram aplicados filtros para estudos em humanos e artigos completos, sem restrições de idioma ou ano de publicação. A seleção dos estudos foi guiada pela estrutura PICOS (População, Intervenção, Comparação, Desfechos e Desenho do Estudo).
A intervenção testada foi o diazepam intravaginal, um benzodiazepínico que age ligando-se aos receptores GABA-A, aumentando a condutância do íon cloreto e levando à hiperpolarização neuronal, o que diminui a excitabilidade e promove o relaxamento muscular. A administração intravaginal visa proporcionar alívio direcionado e minimizar efeitos sistêmicos.
Os critérios de inclusão para os estudos foram: mulheres diagnosticadas com HTPFD; administração de diazepam intravaginal como intervenção; comparação com placebo ou outros tratamentos padrão; desfechos primários de redução da dor (Escala Visual Analógica para Dor - EVA) e melhora da função sexual (Índice de Função Sexual Feminina); e desfechos secundários de efeitos adversos e relaxamento muscular do assoalho pélvico. Apenas ensaios clínicos randomizados (ECR), estudos de coorte e observacionais publicados como artigos completos foram incluídos.
Os critérios de exclusão para os estudos foram: pacientes com disfunção do assoalho pélvico devido a infecções, malignidades ou condições ginecológicas não relacionadas; estudos que não avaliassem especificamente o diazepam intravaginal ou o usassem para outras indicações; estudos sem grupo de comparação ou sem avaliações basais; e estudos que não relatassem os desfechos primários ou secundários. Tipos de estudo como revisões, relatórios de conferências, relatos de caso, comentários e editoriais foram excluídos.
A avaliação da qualidade e do risco de viés dos ECRs foi feita utilizando a Ferramenta de Avaliação de Risco de Viés da Colaboração Cochrane. A meta-análise foi realizada com software estatístico apropriado, avaliando a heterogeneidade com estatísticas I² e utilizando modelos de efeitos aleatórios onde a heterogeneidade era significativa.
Desfechos
Os desfechos primários considerados na revisão foram a redução da dor, medida pela Escala Visual Analógica (EVA), e a melhora na função sexual, medida pelo Female Sexual Function Index (FSFI). Os desfechos secundários incluíram a ocorrência de efeitos adversos e o relaxamento muscular do assoalho pélvico.
Resultados
Conclusão do Trabalho
A evidência atual é insuficiente para determinar a eficácia do diazepam intravaginal para o transtorno hipertônico do assoalho pélvico. Embora alguns pacientes tenham relatado melhora na qualidade de vida, isso pode ser atribuído ao efeito placebo. São necessários mais ensaios clínicos randomizados, maiores e bem controlados, para esclarecer seu papel terapêutico.
Comentário Editorial
Para a prática clínica, a principal mensagem é a cautela. Embora o diazepam intravaginal possa ser empregado, especialmente em casos refratários, é fundamental que o paciente seja informado sobre a limitação das evidências científicas atuais. Os modestos benefícios observados nos estudos existentes podem estar associados a efeitos placebo, o que não invalida a percepção de melhora do paciente, mas exige um olhar crítico sobre a intervenção farmacológica isolada. A associação com outras terapias, como a fisioterapia do assoalho pélvico, pode ser mais promissora, como sugerido por outros trabalhos citados na discussão, mas a contribuição específica do diazepam ainda permanece incerta nesses contextos combinados. É crucial monitorar rigorosamente os pacientes para efeitos adversos, mesmo que mínimos, e reavaliar continuamente a estratégia terapêutica.
Referência
Sawan, D., Almanasif, M., Alharshan, S., Alanazi, R., Fallatah, S., Alanazi, W., & Aloufi, N. (2025). Efficacy of intra-vaginal diazepam for pelvic floor hypertonic disorder: A systematic review and meta-analysis. Continence Reports, 15, 100087.
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