
Módulo Didático da ICS sobre Urodinâmica para Sintomas do Trato Urinário Inferior em Homens
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Introdução
Este módulo didático da International Continence Society (ICS) oferece uma revisão abrangente e baseada em evidências sobre a avaliação urodinâmica em homens com Sintomas do Trato Urinário Inferior (STUI). Desenvolvido pelo Comitê de Urodinâmica da ICS, o material serve como um guia prático para profissionais de saúde, detalhando as indicações, a preparação pré-exame, a técnica urodinâmica, os achados chave e a interpretação dos resultados em homens adultos que apresentam STUI de esvaziamento ou armazenamento refratários. O documento visa consolidar o conhecimento sobre a utilidade da urodinâmica na tomada de decisões terapêuticas e no prognóstico, especialmente antes de intervenções invasivas.
Objetivo
Apresentar o corpo de evidências sobre a avaliação e diagnóstico urodinâmico dos STUI masculinos, servindo como base científica e fundamentação para a apresentação disponível no site da ICS sobre Urodinâmica em STUI masculinos.
Desenho do estudo
Módulo didático desenvolvido pelo Comitê de Urodinâmica da ICS como uma ferramenta de prática clínica. Baseia-se em evidências, diretrizes de prática clínica, documentos de padronização existentes da ICS e consenso dos membros do Grupo de Trabalho.
Materiais e Métodos
O módulo examina indicações, preparação pré-exame, técnica urodinâmica, achados chave e interpretação da urodinâmica em homens adultos com STUI de esvaziamento ou armazenamento refratários.
Resultados
A urodinâmica invasiva é útil em homens selecionados com STUI e geralmente é oferecida apenas quando tratamentos invasivos estão sendo considerados. A combinação de informações urodinâmicas com dados clínicos é recomendada.
- Indicações: Não é rotineiramente recomendada antes de cirurgias de próstata, conforme diretrizes. No entanto, é considerada em situações específicas, como em homens com idade <50 ou >80 anos, em tratamento invasivo sem esvaziamento adequado da bexiga ou com PVR elevado (>300 mL), ou após tratamento invasivo sem sucesso. É crucial para diferenciar obstrução de bexiga (BOO) de hipocontratilidade do detrusor (DU) em casos de retenção urinária.
- Avaliação Inicial: Deve incluir uma anamnese detalhada, diário miccional (se possível), questionários de sintomas (ex: IPSS, ICIQ-MLUTS) e exame físico, incluindo toque retal e ultrassonografia prostática. A urinálise é essencial para identificar infecções.
- Preparação Pré-Exame: Rastreio para Infecção do Trato Urinário (ITU) é mandatório, adiando o exame se houver infecção sintomática. Profilaxia antibiótica não é rotina, mas é indicada em pacientes de risco (idade >70, imunossupressão, PVR elevado, cateterismo).
- Técnica: O enchimento pode ser realizado com o paciente sentado ou em pé, e o estudo de pressão-fluxo na posição de micção usual. Cateteres finos de lúmen duplo (7-8F) são recomendados. A taxa de enchimento ideal é de 10% do volume máximo de micção por minuto. Testes de tosse e calibração são cruciais para garantir a qualidade dos dados.
- Achados Chave: A urodinâmica permite identificar a bexiga hiperativa (DO), incontinência de urgência (DOI) e baixa complacência. O estudo de pressão-fluxo diferencia BOO de DU, utilizando índices como ICS-BOOI e ICS-DCI.
- Interpretação e Implicações do UPSTREAM Trial: O ensaio UPSTREAM demonstrou que a urodinâmica não precisa ser realizada rotineiramente em todos os homens antes da cirurgia de próstata, pois a melhora dos sintomas e a taxa de cirurgia foram semelhantes com ou sem urodinâmica. Contudo, reforça que o uso seletivo da urodinâmica é vital, especialmente para prever resultados cirúrgicos e em pacientes com achados clínicos específicos (Qmax > 13 ml/s). A avaliação da qualidade dos dados clínicos (diários, questionários) é fundamental. A cirurgia também apresenta maior probabilidade de bom resultado em homens com idade < 74 anos, Qmáx < 9,8 ml/s, IPSS > 16, pontuação de qualidade de vida do IPSS > 4 e pontuação total do ICIQ > 18. Quando os resultados do UDS estão disponíveis, a cirurgia é mais bem-sucedida com um BOOI > 47,6 e/ou BCI (ICS-DCI) > 123,0. Se Qmáx for 13 ou superior, a urodinâmica deve ser fortemente considerada.
Comentário Editorial
Este módulo didático da ICS é um documento de extrema relevância para a prática urológica, fornecendo um guia detalhado e atualizado sobre a urodinâmica em homens com STUI. Como médico urologista, entendo a importância de ter acesso a diretrizes claras para a indicação e execução desse exame, que, embora invasivo, permanece insubstituível em cenários selecionados para elucidação diagnóstica e otimização da estratégia terapêutica.
A principal mensagem a ser extraída é a da utilização seletiva da urodinâmica. O estudo UPSTREAM, frequentemente citado no módulo, reforçou que a urodinâmica não deve ser um exame de rotina para todos os pacientes com STUI antes da cirurgia, desafiando uma prática comum. No entanto, sua importância é reafirmada em casos complexos ou refratários, onde o diagnóstico diferencial entre obstrução e hipocontratilidade do detrusor é crucial para o sucesso da intervenção. Para o médico que busca resultados mensuráveis e decisões baseadas em dados concretos, a urodinâmica, quando bem indicada e realizada, oferece informações valiosas para individualizar o tratamento, especialmente para guiar a escolha entre diferentes abordagens cirúrgicas e para prever o risco de desfechos insatisfatórios.
É fundamental que os profissionais dominem não apenas a interpretação dos resultados, mas também a correta coleta dos dados, como enfatizado nas seções de técnica e controle de qualidade. A compreensão das limitações dos testes não invasivos e a capacidade de integrar os achados urodinâmicos com o quadro clínico do paciente são competências essenciais que este módulo busca aprimorar. Para residentes e estudantes, este material é uma excelente base para entender a complexidade dos STUI masculinos e o papel refinado da urodinâmica na avaliação e manejo desses pacientes, incentivando uma abordagem mais precisa e centrada no paciente.
Referência
Sinha S, Tarcan T, Speich J, et al. ICS teaching module on urodynamics for lower urinary tract symptoms in men. Continence. 2025;14:101758.
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