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Série Clássicos: Pazopanibe versus Sunitinibe no Carcinoma Renal Metastático

Autores do Artigo: 

Motzer et al.

Journal

The New England Journal of Medicine

Data da publicação

Agosto 2013

Autor do Resumo

Editor de Seção

  

Introdução

Em Agosto de 2013, foi publicado o estudo - em tradução livre - "Pazopanibe versus Sunitinibe em Carcinoma de Células Renais Metastático" na revista New England Journal of Medicine. O estudo COMPARZ foi um estudo de fase 3 multicêntrico de não inferioridade que randomizou pacientes com câncer renal de células claras metastático para um grupo contendo pazopanibe contínuo na dose de 800 mg ao dia e outro grupo contendo sunitinibe 50 mg ao dia por 4 semanas com 2 semanas de descanso a cada 6 semanas. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progessão por revisão independente.

O estudo demonstrou que o pazopanibe é não inferior ao sunitinibe em relação a sobrevida livre de progressão, com sobrevida global semelhante. O perfil de toxicidade e métricas de qualidade de vida foram mais favoráveis ao pazopanibe. 

Confira abaixo mais detalhes do estudo:

Objetivo

Comparar a eficácia e segurança do pazopanibe em relação ao sunitinibe em pacientes com câncer renal metastático virgens de tratamento. O objetivo primário foi demonstrar a não inferioridade do pazopanibe em relação ao sunitinibe em relação à sobrevida livre de progressão.

Desenho do estudo

Estudo de fase 3, randomizado, aberto, multicêntrico, de não inferioridade. O estudo foi desenhado para demonstrar a não inferioridade do pazopanibe em relação ao sunitinibe em relação à sobrevida livre de progressão com poder de 80% e margem superior tolerável do hazard ratio de 1,25.

Número de pacientes

Foram incluídos 1110 pacientes.

Período de inclusão

Agosto de 2008 a Setembro de 2011.

Materiais e Métodos

Os pacientes foram randomizados para 2 grupos de tratamento:

- Pazopanibe 800 mg ao dia via oral contínuo

- Sunitinibe 50 mg ao dia por 4 semanas com 2 semanas de pausa, em ciclos de 6 semanas.

A estratificação foi realizada de acordo com o KPS (70 ou 80 vs. 90 ou 100), nível de LDH (>1,5 vs. <1,5 limite superior da normalidade), nefrectomia prévia (sim ou não).

Desfechos

O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão revisada de forma independente. Os desfechos secundários incluíram sobrevida global, segurança, qualidade de vida e toxicidade.

Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes

Eram considerados elegíveis pacientes com 18 anos ou mais, com câncer rneal com um componente de células claras avançado ou metastático, não previamente submetidos a tratamento sistêmico, com KPS de pelo menos 70 e funções orgânicas adequadas. Os pacientes eram excluídos caso tivessem metástases cerebrais, hipertensão descontrolada, alterações cardíacas ou vasculares dentro de 6 meses do período de screening.

Resultados

O estudo foi positivo para seu desfecho primário de sobrevida livre de progressão, tendo demonstrado a não-inferioridade do pazopanibe em relação ao sunitinibe. A mediana de sobrevida livre de progressão no grupo pazopanibe foi de 8,4 meses e no grupo sunitinibe foi de 9,5 meses. O hazard ratio para PFS foi de 1,05 (IC 95% 0,90 a 1,22). A análise de subgrupos não demonstrou efeitos diferentes em nenhum subgrupo.

 

Respostas objetivas ocorreram em 31% no grupo pazopanibe (1 paciente teve resposta completa) e 25% no grupo sunitinibe (3 pacientes tiveram resposta completa). A mediana de sobrevida global foi de 28,4 meses no grupo pazopanibe e 29,3 meses no grupo sunitinibe, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos. O tempo mediano de tratamento foi de 8 meses no grupo pazopanibe e 7,6 meses no grupo sunitinibe.

Os números foram semelhantes em relação a interrupção do tratamento e redução de dose, conforme demonstrado na tabela abaixo:

  Pazopanibe Sunitinibe
Interrupção de dose por 7 dias ou mais 44% 49%
Redução de dose 44% 51%
Descontinuação do tratamento por eventos adversos 24% 20%
Descontinuação por anormalidades nos testes de função hepática 6% 1%

 

Em relação aos eventos adversos, o grupo sunitinibe foi mais associado a síndrome mão-pé, mucosite oral, hipotireoidismo, disgeusia, dispepsia, alterações hematológicas, epistaxe e fadiga, enquando o pazopanibe foi mais associado a alterações hepáticas, mudanças na cor do cabelo, perda de peso e alopecia. Disfunção cardíaca ocorreu em 13% no grupo pazopanibe e 11% no grupo sunitinibe. 

Em relação a métricas de qualidade de vida (métricas FACIT-F, FSKI-19, CTSQ, SQLQ), houve uma diferença significativa favorecendo o grupo pazopanibe durante os 6 primeiros meses de tratamento, conforme exemplificado abaixo:

Comentário Editorial

O estudo COMPARZ publicado em 2013 demonstrou a não inferioridade do pazopanibe em relação ao sunitinibe em relação a sobrevida livre de progressão, tendo sido observado um perfil de evento adverso e de qualidade de vida mais favorável ao pazopanibe.O estudo também demonstrou que pacientes alocados no grupo pazopanibe tiveram menor necessidade de consulta por telefone e visitas ao departamento de emergência. Isso demonstra que os inibidores de tirosina quinase anti-fator de crescimento de endotélio vascular (TKI anti-VEGFR), apesar de compartilharem mecanismo de ação diferente, podem ter resultados práticos muito diferentes.

Referência

Motzer et al. Pazopanib versus sunitinib in metastatic renal-cell carcinoma. N Engl J Med. 2013 Aug 22;369(8):722-31

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