
EMBARK: enzalutamida associada à leuprorrelina melhora a sobrevida global em câncer de próstata com recorrência bioquímica de alto risco
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Introdução
Em outubro de 2025 foi publicado na revista New England Journal of Medicine a atualização de sobrevida global do estudo EMBARK – que avaliou enzalutamida associada à leuprorrelina ou em monoterapia em homens com recorrência bioquímica de alto risco. A hipótese era de que a intensificação precoce da via do receptor de androgênio, em um cenário tradicionalmente manejado apenas com deprivação androgênica intermitente ou tardia, se traduziria em ganho de sobrevida global em seguimento prolongado, complementando o benefício previamente demonstrado em sobrevida livre de metástases. O estudo confirmou redução estatisticamente significante do risco de morte com enzalutamida combinada à leuprorrelina em comparação com leuprorrelina isolada, enquanto a monoterapia com enzalutamida não foi superior em sobrevida global. Confira abaixo mais detalhes do estudo:
Objetivo
Testar se enzalutamida + leuprorrelina ou enzalutamida em monoterapia prolongam a sobrevida global em comparação à leuprorrelina isolada.
Desenho do estudo
Ensaio de fase 3, randomizado, três braços (enzalutamida + leuprorrelina, leuprorrelina isolada, enzalutamida monoterapia). Seguimento mediano ~94 meses.
Número de pacientes
1068 homens (355 combinação; 358 leuprorrelina; 355 monoterapia).
Período de inclusão
2015 a 2018.
Materiais e Métodos
Os pacientes foram randomizados para três estratégias: enzalutamida 160 mg ao dia associada à leuprorrelina; leuprorrelina isolada associada a placebo; ou enzalutamida em monoterapia. O protocolo incorporava um esquema padronizado de pausa e reinício do tratamento, baseado nos níveis de PSA. A primeira avaliação para interrupção ocorria na semana 37: pacientes com PSA <0,2 ng/mL suspendiam o tratamento do estudo. Durante a fase de pausa, o reinício da terapia era determinado por novos aumentos de PSA, com critérios distintos conforme o tratamento local prévio: Pós-prostatectomia radical: reinício quando o PSA atingia ≥2,0 ng/mL. Tratamento local com radioterapia sem prostatectomia: reinício quando o PSA atingia ≥5,0 ng/mL.Ao reiniciar, o paciente retornava exatamente ao tratamento originalmente designado no momento da randomização.
Desfechos
O desfecho primário do estudo foi sobrevida livre de metástases, avaliada por revisão central independente e cega, apenas na comparação entre enzalutamida + leuprorrelina versus leuprorrelina isolada. Os desfechos secundários incluíram: Sobrevida livre de metástases para enzalutamida em monoterapia versus leuprorrelina; Sobrevida global; Tempo até a primeira nova terapia antineoplásica; Primeiro evento esquelético sintomático (incluindo fratura patológica, compressão medular ou necessidade de opióides/terapia sistêmica para dor óssea); Sobrevida livre de progressão com a primeira terapia sistêmica subsequente; Segurança, incluindo eventos adversos, eventos adversos graves e descontinuações relacionadas ao tratamento.
Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes
Tempo de duplicação do PSA ≤9 meses; PSA de triagem ≥1 ng/mL (pós-prostatectomia) ou ≥2 ng/mL acima do nadir (pós-radioterapia); testosterona ≥150 ng/dL; ausência de metástases em imagem convencional.
Resultados
A combinação reduziu o risco de morte versus leuprorrelina isolada (HR 0,60; IC95% 0,44–0,80). Em 8 anos, as taxas de sobrevida global foram 78,9% (combinação) e 69,5% (leuprorrelina).
A monoterapia não alcançou diferença estatisticamente significante (HR 0,83; P=0,19) em sobrevida global. mas aumentou o tempo para o primeiro evento esquelético sintomático.
O tempo até nova terapia foi mais prolongado em ambos os braços com enzalutamida, particularmente no combinado. O perfil de segurança manteve-se consistente com análises prévias, sem novos sinais relevantes.
Conclusão do Trabalho
A enzalutamida associada à leuprorrelina prolonga a sobrevida global na recorrência bioquímica de alto risco, consolidando a intensificação precoce como estratégia modificadora da história natural da doença. A monoterapia preserva benefício em desfechos de doença, mas sem ganho estatisticamente significante de sobrevida global.
Comentário Editorial
O estudo confirma que a intensificação precoce para pacientes com recorrência bioquímica de alto risco com enzalutamida + leuprorrelina, cujo benefício em sobrevida livre de metástases já havia sido demonstrado na análise original do EMBARK, agora também se traduz em ganho de sobrevida global. O artigo não informa quais terapias subsequentes foram utilizadas, nem quantos pacientes inicialmente tratados com leuprorrelina receberam enzalutamida após progressão, impedindo concluir se esse uso poderia ter reduzido a magnitude do benefício observado. Ainda assim, mesmo sem crossover e com potenciais terapias subsequentes não reportadas, o ganho de sobrevida global permaneceu claro. Na prática, o conjunto das evidências do EMBARK reforça a combinação como padrão preferencial nesse cenário.
Referência
Freedland SJ, de Almeida Luz M, De Giorgi U, et al. Improved Survival with Enzalutamide in Biochemically Recurrent Prostate Cancer. New England Journal of Medicine. Published online October 19, 2025. doi:10.1056/NEJMoa2510310.
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