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Diferenças Clínicas Surpreendentes Entre Alfa Bloqueadores Demonstradas em Taxas de Eventos Pós-Mercado.

Autores do Artigo

Visingardi J, Walia J, Jawiche J, Feustel PJ, De EJB.

Revista

Continência

Data da publicação

Janeiro 2024

Autor do Resumo

Editor

Publicação do Resumo

Janeiro 2025

  

Introdução

Em 2024, foi publicado o artigo “Surprising clinical differences among alpha blockers demonstrated in post-marketing event rates” na revista Continence. O estudo analisou as diferenças nas taxas de eventos adversos relatados após a introdução de alfa bloqueadores no mercado. Estes medicamentos são amplamente utilizados para o tratamento de hipertensão, obstrução de cálculos ureterais e disfunções do trato urinário inferior. A análise focou em cinco alfa bloqueadores: doxazosina, alfuzosina, tamsulosina, prazosina e terazosina, comparando suas taxas de efeitos colaterais com base nos dados do FDA Adverse Event Reporting System (FAERS).

Objetivo

Avaliar as diferenças nas taxas de efeitos colaterais entre os principais alfa bloqueadores, a fim de informar médicos sobre as características de segurança desses medicamentos na prática clínica.

Desenho do estudo

Estudo retrospectivo 

Período de inclusão

2013 - 2020

Materiais e Métodos

Estudo utilizou dados do FAERS (2013–2020) para estimar a taxa de eventos adversos pós-mercado, dividindo o número de eventos reportados pelo número de pacientes em uso de cada medicamento, conforme o Medical Expenditure Panel Survey (MEPS).

Desfechos

Taxa de eventos adversos pós-mercado

Resultados

A doxazosina teve a maior taxa geral de efeitos colaterais, seguida pela alfuzosina, que apresentou mais efeitos adversos do que prazosina, tamsulosina e terazosina.
Alfuzosina teve uma taxa significativamente maior de quedas (6,1 por 100.000 pacientes), sendo superior a tamsulosina, prazosina e terazosina. Isso foi inesperado, dado que a alfuzosina foi inicialmente promovida como sendo mais uroseletiva e com menos efeitos sistêmicos.
Em termos de tontura, doxazosina foi a mais associada a este efeito (4,8 por 100.000 pacientes), seguida por alfuzosina (3,5 por 100.000). Terazosina, tamsulosina e prazosina apresentaram taxas de tontura significativamente menores.
A hipotensão foi mais comum com doxazosina (6,8 por 100.000 pacientes), seguida por alfuzosina (5,1 por 100.000), enquanto prazosina, tamsulosina e terazosina tiveram taxas bem menores.
A síncope foi observada com maior frequência em pacientes que usaram doxazosina (5,5 por 100.000), com alfuzosina apresentando uma taxa mais moderada (2,5 por 100.000).

 

Comentário Editorial

As diferenças nos perfis de segurança entre os alfa bloqueadores destacam a importância da escolha criteriosa do medicamento com base no perfil do paciente. Doxazosina apresentou as maiores taxas de efeitos adversos, especialmente hipotensão e síncope, como esperado por sua menor seletividade. Alfuzosina, apesar de ser promovida como mais uroseletiva, apresentou taxas inesperadamente altas de queda e hipotensão. Estes achados reforçam a necessidade de monitoramento pós-mercado e da reavaliação dos perfis de segurança de medicamentos conforme os dados de eventos adversos reais são coletados.

Este estudo proporciona uma valiosa visão sobre os riscos associados aos alfa bloqueadores na prática clínica, particularmente em pacientes idosos ou com múltiplas comorbidades. A alta taxa de quedas associada à alfuzosina sugere que sua utilização deve ser cuidadosamente considerada em pacientes mais vulneráveis a quedas e lesões. À medida que novas pesquisas exploram o impacto desses medicamentos em diferentes subgrupos de pacientes, será essencial alinhar as práticas de prescrição com esses achados para otimizar a segurança e o bem-estar dos pacientes.

Referência

Visingardi J, Walia J, Jawiche J, Feustel PJ, De EJB. Surprising clinical differences among alpha blockers demonstrated in post-marketing event rates. Continence. 2024;12:101696. DOI: https://doi.org/10.1016/j.cont.2024.101696

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