Início > Resumos Comentados > Eficácia do Estrogênio Vaginal na Prevenção de Infecções do Trato Urinário em Mulheres Hipoestrogênicas.

Eficácia do Estrogênio Vaginal na Prevenção de Infecções do Trato Urinário em Mulheres Hipoestrogênicas.

Autores do Artigo

Tan-Kim J et al.

Revista

American Journal of Obstetrics & Gynecology

Data da publicação

Agosto 2023

Autor do Resumo

Editor

Publicação do Resumo

Janeiro 2025

  

Introdução

O estudo “Efficacy of vaginal estrogen for recurrent urinary tract infection prevention in hypoestrogenic women” avaliou a eficácia do estrogênio vaginal na redução da frequência de infecções do trato urinário (ITUs) recorrentes em mulheres com hipoestrogenismo. Em uma análise retrospectiva de 5638 mulheres, observou-se uma redução de mais de 50% na frequência de ITUs no período de um ano após o início do uso de estrogênio vaginal, destacando a importância deste tratamento na prevenção de ITUs em populações específicas.

Confira abaixo mais detalhes do estudo:

Objetivo

Avaliar a associação entre a prescrição de estrogênio vaginal e a frequência de ITUs recorrentes em mulheres hipoestrogênicas, além de identificar fatores preditivos para ITUs após a prescrição.

Desenho do estudo

Revisão retrospectiva multicêntrica conduzida entre 2009 e 2019, com inclusão de mulheres com ≥3 culturas positivas de urina nos 12 meses anteriores à prescrição de estrogênio vaginal.

Número de pacientes

5638

Período de inclusão

Janeiro de 2009 a Dezembro de 2019

Materiais e Métodos

Dados foram coletados de registros eletrônicos, incluindo características demográficas, histórico médico e adesão ao tratamento. A adesão foi classificada em baixa, moderada ou alta, com base no número de recargas de receita. A análise comparou a frequência de ITUs no ano anterior e posterior à prescrição, utilizando teste t pareado e regressão binomial negativa.

Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes

Mulheres que receberam prescrição de estrógeno vaginal para ITU recorrente, definida como pelo menos 3 uroculturas positivas (separadas por pelo menos 14 dias) nos 12 meses anteriores à prescrição. Os critérios de exclusão mais relevantes foram presença de anormalidades anatômicas, malignidades ou erosão de malha do trato geniturinário.

Resultados

A idade média das participantes foi de 70,4 anos. A frequência média de ITUs reduziu-se de 3,9 para 1,8 por ano (redução de 51,9%; P<0,001). 31,4% das pacientes não apresentaram ITUs no período posterior à prescrição. Fatores preditivos de ITUs após a prescrição incluíram idade avançada, diabetes mellitus, incontinência urinária e retenção urinária. Pacientes com alta adesão ao tratamento apresentaram menor redução proporcional na frequência de ITUs (2,2 vs. 1,6; P<0,0001).

 

Comentário Editorial

O estudo reforça o papel do estrogênio vaginal como estratégia eficaz para a redução de ITUs recorrentes em mulheres hipoestrogênicas, corroborando evidências prévias e alinhando-se a diretrizes clínicas. A redução significativa na frequência de ITUs destaca os benefícios desta intervenção, especialmente em uma população vulnerável como mulheres pós-menopáusicas. Entretanto, a descoberta paradoxal de menor benefício relativo em mulheres com alta adesão ao tratamento sugere a presença de viés de seleção ou fatores não observados, como maior gravidade de comorbidades. Além disso, a ausência de um grupo controle limita a generalização dos achados. No geral, o estudo contribui de forma valiosa para a prática clínica, incentivando o uso criterioso de estrogênio vaginal em mulheres com indicação apropriada.

Referência

Tan-Kim J, Shah NM, Do D, Menefee SA. Efficacy of vaginal estrogen for recurrent urinary tract infection prevention in hypoestrogenic women. Am J Obstet Gynecol. 2023;229(2):143.e1-143.e9. doi: 10.1016/j.ajog.2023.05.002.

Outros Resumos