Início > Resumos Comentados > Ressonância versus RTU para estadiamento do câncer de bexiga - Resultados do BladderPath trial

Ressonância versus RTU para estadiamento do câncer de bexiga - Resultados do BladderPath trial

Autores do Artigo

Bryan et al.

Revista

Journal of Clinical Oncology

Data da publicação

Janeiro 2025

Autor do Resumo

Editor

Publicação do Resumo

Janeiro 2025

  

Introdução

Em Janeiro de 2025, foi publicado o artigo "Comparação randomizada de ressonância magnética versus ressecção transuretral para estadiamento de novos cânceres de bexiga: resultados do estudo prospectivo BladderPath" na revista Journal of Clinical Oncology. Nesse estudo prospectivo e aberto conduzido em 17 centros britânicos, 143 pacientes com suspeita para câncer de bexiga eram submetidos a cistoscopia flexível e em seguida randomizados para realizar ressecção transuretral de tumor de bexiga ou ressonância magnética multiparamétrica para definição se doença não musculo-invasiva ou músculo-invasiva. O estudo demonstrou que, entre os pacientes com câncer de bexiga músculo-invasivo, o tempo mediano para o tratamento correto foi menor entre os pacientes que foram randomizados para ressonância magnética inicial (n=12, 53 dias) versus ressecção transuretral do tumor de bexiga (n=14, 98 dias). Não houve diferença entre os pacientes com câncer de bexiga não músculo-invasivo (17 vs. 14 dias).

Objetivo

Avaliar se o tratamento para câncer de bexiga músculo-invasivo poderia ser realizado de forma mais rápida usando cistoscopia flexível e ressonância multiparamétrica para o estadiamento inicial em comparação com ressecção transuretral do tumor de bexiga.

Desenho do estudo

Estudo prospectivo, aberto, controlado, em 2 estágios, conduzido em 17 centros britânicos. Estágio 1: avaliação da viabilidade. Estágio 2: avaliação do tempo para o tratamento correto. Os pacientes com suspeita de novo diagnóstico de câncer de bexiga eram recrutados de clínicas urológicas e submetidos a cistoscopia flexível, além de imagem do trato urotelial alto (ultrassonografia, tomografia ou urografia). Após, os pacientes eram randomizados para dois braços:

- Braço 1: ressecção transuretral do tumor de bexiga (RTUb)

- Braço 2: se suspeita de doença não musculo-invasiva, realizavam RTUb. Se suspeita de doença musculo-invasiva, realizavam ressonância magnética multiparamétrica. Esses pacientes com suspeita de doença musculo-invasiva eram biopsiados durante a cistoscopia flexível realizada de forma ambulatorial ou submetidos a coleta de citologia oncótica urinária.

Número de pacientes

638 pacientes foram triados e 143 foram incluídos.

Período de inclusão

Maio de 2018 a Dezembro de 2021.

Desfechos

Desfecho primário na fase de viabilidade: proporção de pacientes com possível tumor de bexiga músculo-invasivo randomizado para o Braço 2 que seguiram corretamente o protocolo.

Desfecho primário na segunda fase: tempo para o tratamento correto.

Resultados

Dos 638 pacientes triados, 143 foram randomizados para os braços mencionados. As principais causas de falha de triagem foram a negativa em participar do estudo e ausência de tumor de bexiga. Entre os pacientes com câncer de bexiga musculo-invasivo, 92% seguiram o protocolo no braço 2 (estágio de viagbilidade). Nesses pacientes, o tempo mediano para o tratamento correto foi menor no grupo que realizou ressonância 98 vs. 53 dias). Não houve diferença para o tratamento correto no grupo com doença não-músculo-invasiva.

Comentário Editorial

Esse estudo gera a hipótese de que talvez para alguns pacientes com doença músculo-invasiva suspeita na cistoscopia flexível, a ressonância magnética deve ser realizada como forma de tornar mais célere o início do tratamento correto. Em termos medianos, os pacientes alocados no braço ressonância magnética receberam o tratamento correto 45 dias mais cedo do que os pacientes alocados no grupo RTU. Portanto, pode ser viável (além de potencialmente mais custo-efetivo) omitir a RTU após a ressonância multiparamétrica em pacientes com uma cistoscopia flexivel prévia que sugira a presença de doença músculo-invasiva. Entretanto, é importante ressaltar que o estudo tem importantes limitações, entre elas o baixo número de pacientes com câncer de bexiga músculo-invasivo avaliados, além de ser  um estudo aberto, o que pode levar à introdução de vieses e fatores de confusão intangíveis. Além disso, o desfecho analisado de "tempo para o tratamento correto" carece de validade clínica confirmada e correlação com desfechos oncológicos. Estudos maiores analisando desfechos oncológicos duros serão necessários para confirmar essa hipótese.

Referência

Bryan et al. Randomized Comparison of Magnetic Resonance Imaging Versus Transurethral Resection for Staging New Bladder Cancers: Results From the Prospective BladderPath Trial. J Clin Oncol 2025 Jan 14:JCO2302398. doi: 10.1200/JCO.23.0239

Outros Resumos