
Linfadenectomia Pélvica em Câncer de Próstata: Atualização do Ensaio Clínico Randomizado Dissecção Limitada vs Estendida
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Introdução
Em Outubro de 2024 foi publicado a atualização do ensaio sobre linfadenectomia em câncer de próstata do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSKCC), renomado centro de pesquisa em Oncologia Urológica. Os dados do primeiro estudo não demonstraram ganho em sobrevida livre de recidiva bioquímica entre os pacientes submetidos à linfadenectomia estendida versus limitada durante a prostatectomia. Nesta atualização, ainda que não tenha mudado o cenário no que tange a recidiva bioquímica, dado interessante foi que houve melhora na sobrevida livre de metástases nos pacientes submetidos à linfadenectomia estendida.
Confira mais detalhes do estudo a seguir:
Objetivo
Comparar a sobrevida livre de recidiva bioquímica entre os pacientes que realizaram prostatectomia com linfadenectomia estendida vs linfadenectomia limitada.
Desenho do estudo
Ensaio clínico randomizado, centro único, com randomização dos cirurgiões a realizar o procedimento. A cada três meses os cirurgiões eram randomizados para realizar a linfadenectomia limitada ou estendida nos pacientes que já estavam agendados. O estudo foi desenhado para ter 90% de poder estatístico para detectar um harzard-ratio de 0,67 para uma taxa de 23% de recidiva bioquímica.
Número de pacientes
Foram incluídos 1432 pacientes, dos quais 698 foram submetidos à linfadenectomia limitada versus 734 submetidos à linfadenectomia estendida.
Período de inclusão
Outubro de 2011 a Março de 2017
Materiais e Métodos
Grupos de comparação:
- Linfadenectomia limitada: limite inferior da veia ilíaca externa e superior ao nervo obturatório.
- Linfadenectomia estendida: linfonodos ilíacos externos, hipogástricos e fossa obturatória.
Desfechos
Desfecho Primário: sobrevida livre de recidiva bioquímica
Desfechos Secundários: sobrevida livre de metástases (regional e à distância)
Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes
Critérios de inclusão: pacientes que já estavam agendados para realizar prostatectomia radical
Critérios de exclusão: metástases prévias e prostatectomia de resgate pós-radioterapia.
Resultados
O tempo de seguimento médio entre os pacientes que não apresentaram recidiva bioquímica foi de 4,2 anos. Ocorreram 452 recidivas bioquímicas. Não houve diferença na taxa de recidiva bioquímica entre os grupos (HR1,05, IC95% 0,97-1,13; p=0,3).
O tempo de seguimento entre os pacientes que não apresentaram metástases foi de 5,4 anos. Metástases aconteceram em 123 participantes do estudo. Foi detectado efeito protetor significante nos pacientes que realizaram a linfadenectomia estendida contra quaisquer metástases (HR 0,82, IC95% 0,71–0,93; p = 0,003) e metástases à distância (HR 0,75, IC95% 0,64–0,88; p < 0,001). A sobrevida livre de metástases em 10 anos foi de 85% (IC95% 81-89%) nos pacientes que fizeram a linfadenectomia limitada versus 88% (IC95% 84-91%) no grupo linfadenectomia estendida.
Comentário Editorial
A linfadenectomia apresenta-se como assunto controverso nas mais diversas neoplasias. Exceto no câncer gástrico, a linfadenectomia não parece melhorar a sobrevida nos mais diversos sítios primários de tumores. A presente atualização do trabalho do MSKCC sobre linfadenectomia pélvica limitada vs. estendida fomenta novos insights sobre a biologia celular da disseminação tumoral no câncer de próstata. Ao encontrar melhora na sobrevida livre de metástases nos pacientes submetidos à linfadenectomia estendida, mas não encontrar melhora na sobrevida livre de recidiva bioquímica nesses mesmos pacientes, o conhecimento atual sobre a evolução do câncer de próstata é questionado. Críticas são possíveis em alguns detalhes do estudo, e um dos principais pontos é o fato de que a sobrevida livre de metástases foi um desfecho secundário e que o estudo não foi, portanto, desenhado para chegar a esse resultado. No entanto, a diferença encontrada é contundente e dificilmente está condicionada ao acaso. Outro importante estudo sobre a linfadenectomia no câncer de próstata foi realizado pelo time de Urologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), cujo resultado também foi negativo para sobrevida livre de recidiva bioquímica. A atualização deste estudo poderá contrapor ou reforçar os resultados apresentados pelos autores do estudo em análise.
Referência
Touijer et al. Eur Urol 2024 Oct 28:S0302-2838(24)02647-2
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Postado: dez/2024
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