
Motivos Relatados por Médicos para Prescrever ou Não a Intensificação do Tratamento em Pacientes com mCSPC
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Introdução
Em Dezembro de 2024 foi publicado na revista JAMA Network Open o estudo, em tradução livre, "Motivos Relatados por Médicos para Prescrever ou Não a Intensificação do Tratamento em Pacientes com câncer de próstata metastático hormônio-sensível", que avaliou os fatores que influenciam a decisão médica de intensificar ou não o tratamento de pacientes com câncer de próstata metastático hormônio-sensível (mCSPC). A hipótese era que características clínicas, metas terapêuticas e interpretação das diretrizes poderiam explicar a discrepância entre recomendações e prática clínica. O estudo demonstrou que apenas uma minoria dos pacientes recebeu tratamento intensificado, embora a decisão orientada por diretrizes tenha se associado a maior chance de intensificação.
Confira abaixo maiores detalhes do estudo:
Objetivo
Investigar os fatores clínicos e as justificativas médicas associados à prescrição ou não de intensificação do tratamento em pacientes com câncer de próstata metastático hormônio-sensível.
Desenho do estudo
Estudo observacional retrospectivo, baseado em pesquisa estruturada com médicos e revisão de prontuários.
Número de pacientes
617 pacientes.
Período de inclusão
Julho de 2018 a Janeiro de 2022.
Materiais e Métodos
Foram analisados dados da pesquisa retrospectiva Adelphi Real World (ARW) sobre mCSPC, composta por um inquérito clínico com médicos vinculado à revisão de prontuários de pacientes. Ao todo, 131 médicos foram convidados a participar da pesquisa, e 107 forneceram dados de 621 pacientes do sexo masculino com diagnóstico atual ou prévio de câncer de próstata metastático hormônio-sensível. Dados de 617 pacientes que preenchiam os critérios de elegibilidade e foram incluídos na análise. As informações incluíam características clínicas, tratamentos prescritos e os motivos para a decisão terapêutica, selecionados de uma lista pré-definida com 48 itens. Foram realizadas análises bivariadas e regressão logística multivariada com elastic-net para identificação de fatores associados à intensificação.
Desfechos
Probabilidade de prescrição de tratamento intensificado na primeira linha, medida por razões de chance (odds ratio), segundo variáveis clínicas e justificativas médicas relatadas.
Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes
Foram incluídos pacientes com diagnóstico confirmado de câncer de próstata metastático hormônio-sensível em uso de tratamento sistêmico por ≥3 meses, com idade entre 18 e 89 anos, fora de ensaios clínicos e vivos à época da coleta. Os médicos deviam atender ao menos dois pacientes com câncer de próstata metastático hormônio-sensível por mês e ter autonomia nas decisões terapêuticas.
Resultados
Apenas 30,3% dos pacientes receberam intensificação de tratamento na primeira linha, com maior frequência entre aqueles com doença de alto volume, Gleason grupo 5 ou metástases viscerais. Médicos que citaram as diretrizes como motivação foram significativamente mais propensos a prescrever TI (OR 3,46; IC95% 1,32–9,08; p = 0,01). Reduções mais ambiciosas de PSA se associaram à intensificação de tratamento em análise bivariada, mas perderam significância na análise multivariada. Entre os 430 pacientes que não receberam intensificação de tratamento, os motivos mais citados foram preocupações com tolerabilidade, crença na equivalência terapêutica de regimes menos intensivos e desconhecimento ou interpretação inadequada da evidência clínica. Apenas 4,9% dos médicos citaram questões de reembolso como barreira.
Conclusão do Trabalho
Apesar das recomendações das diretrizes, a intensificação do tratamento foi subutilizada no cenário de câncer de próstata metastático hormônio-sensível nos Estados Unidos. A decisão médica foi muitas vezes baseada em percepções subjetivas sobre qualidade de vida, tolerabilidade e eficácia, e nem sempre refletiu o estado atual da evidência clínica. Educação médica voltada para a interpretação das diretrizes e uso apropriado de biomarcadores prognósticos pode contribuir para maior adesão à intensificação.
Comentário Editorial
Este estudo expõe um paradoxo crítico: mesmo com diretrizes amplamente divulgadas e dados robustos de ensaios clínicos, a maioria dos pacientes com câncer de próstata metastático hormônio-sensível segue sendo tratada apenas com ADT. A discrepância entre conhecimento e prática decorre, em grande parte, da interpretação equivocada de dados de eficácia, tolerabilidade e impacto na qualidade de vida. Além disso, a ênfase desproporcional em metas arbitrárias de PSA, não validadas como desfechos substitutos de sobrevida global, revela a necessidade de alinhar expectativas médicas aos resultados clínicos. Intervenções educacionais direcionadas e esforços de implementação são urgentes para traduzir evidência em benefício real aos pacientes.
Referência
Agarwal N, George DJ, Klaassen Z, et al. Physician Reasons for or Against Treatment Intensification in Patients With Metastatic Prostate Cancer. JAMA Netw Open. 2024 Dec 2;7(12):e2448707. doi:10.1001/jamanetworkopen.2024.48707
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