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Série Clássicos: Pazopanibe versus Sunitinibe no Carcinoma Renal Metastático

Autores do Artigo

Motzer et al.

Revista

The New England Journal of Medicine

Data da publicação

Agosto 2013

Autor do Resumo

Editor

Publicação do Resumo

Fevereiro 2025

  

Introdução

Em Agosto de 2013, foi publicado o estudo - em tradução livre - "Pazopanibe versus Sunitinibe em Carcinoma de Células Renais Metastático" na revista New England Journal of Medicine. O estudo COMPARZ foi um estudo de fase 3 multicêntrico de não inferioridade que randomizou pacientes com câncer renal de células claras metastático para um grupo contendo pazopanibe contínuo na dose de 800 mg ao dia e outro grupo contendo sunitinibe 50 mg ao dia por 4 semanas com 2 semanas de descanso a cada 6 semanas. O desfecho primário foi a sobrevida livre de progessão por revisão independente.

O estudo demonstrou que o pazopanibe é não inferior ao sunitinibe em relação a sobrevida livre de progressão, com sobrevida global semelhante. O perfil de toxicidade e métricas de qualidade de vida foram mais favoráveis ao pazopanibe. 

Confira abaixo mais detalhes do estudo:

Objetivo

Comparar a eficácia e segurança do pazopanibe em relação ao sunitinibe em pacientes com câncer renal metastático virgens de tratamento. O objetivo primário foi demonstrar a não inferioridade do pazopanibe em relação ao sunitinibe em relação à sobrevida livre de progressão.

Desenho do estudo

Estudo de fase 3, randomizado, aberto, multicêntrico, de não inferioridade. O estudo foi desenhado para demonstrar a não inferioridade do pazopanibe em relação ao sunitinibe em relação à sobrevida livre de progressão com poder de 80% e margem superior tolerável do hazard ratio de 1,25.

Número de pacientes

Foram incluídos 1110 pacientes.

Período de inclusão

Agosto de 2008 a Setembro de 2011.

Materiais e Métodos

Os pacientes foram randomizados para 2 grupos de tratamento:

- Pazopanibe 800 mg ao dia via oral contínuo

- Sunitinibe 50 mg ao dia por 4 semanas com 2 semanas de pausa, em ciclos de 6 semanas.

A estratificação foi realizada de acordo com o KPS (70 ou 80 vs. 90 ou 100), nível de LDH (>1,5 vs. <1,5 limite superior da normalidade), nefrectomia prévia (sim ou não).

Desfechos

O desfecho primário foi a sobrevida livre de progressão revisada de forma independente. Os desfechos secundários incluíram sobrevida global, segurança, qualidade de vida e toxicidade.

Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes

Eram considerados elegíveis pacientes com 18 anos ou mais, com câncer rneal com um componente de células claras avançado ou metastático, não previamente submetidos a tratamento sistêmico, com KPS de pelo menos 70 e funções orgânicas adequadas. Os pacientes eram excluídos caso tivessem metástases cerebrais, hipertensão descontrolada, alterações cardíacas ou vasculares dentro de 6 meses do período de screening.

Resultados

O estudo foi positivo para seu desfecho primário de sobrevida livre de progressão, tendo demonstrado a não-inferioridade do pazopanibe em relação ao sunitinibe. A mediana de sobrevida livre de progressão no grupo pazopanibe foi de 8,4 meses e no grupo sunitinibe foi de 9,5 meses. O hazard ratio para PFS foi de 1,05 (IC 95% 0,90 a 1,22). A análise de subgrupos não demonstrou efeitos diferentes em nenhum subgrupo.

 

Respostas objetivas ocorreram em 31% no grupo pazopanibe (1 paciente teve resposta completa) e 25% no grupo sunitinibe (3 pacientes tiveram resposta completa). A mediana de sobrevida global foi de 28,4 meses no grupo pazopanibe e 29,3 meses no grupo sunitinibe, sem diferença estatisticamente significante entre os grupos. O tempo mediano de tratamento foi de 8 meses no grupo pazopanibe e 7,6 meses no grupo sunitinibe.

Os números foram semelhantes em relação a interrupção do tratamento e redução de dose, conforme demonstrado na tabela abaixo:

  Pazopanibe Sunitinibe
Interrupção de dose por 7 dias ou mais 44% 49%
Redução de dose 44% 51%
Descontinuação do tratamento por eventos adversos 24% 20%
Descontinuação por anormalidades nos testes de função hepática 6% 1%

 

Em relação aos eventos adversos, o grupo sunitinibe foi mais associado a síndrome mão-pé, mucosite oral, hipotireoidismo, disgeusia, dispepsia, alterações hematológicas, epistaxe e fadiga, enquando o pazopanibe foi mais associado a alterações hepáticas, mudanças na cor do cabelo, perda de peso e alopecia. Disfunção cardíaca ocorreu em 13% no grupo pazopanibe e 11% no grupo sunitinibe. 

Em relação a métricas de qualidade de vida (métricas FACIT-F, FSKI-19, CTSQ, SQLQ), houve uma diferença significativa favorecendo o grupo pazopanibe durante os 6 primeiros meses de tratamento, conforme exemplificado abaixo:

Comentário Editorial

O estudo COMPARZ publicado em 2013 demonstrou a não inferioridade do pazopanibe em relação ao sunitinibe em relação a sobrevida livre de progressão, tendo sido observado um perfil de evento adverso e de qualidade de vida mais favorável ao pazopanibe.O estudo também demonstrou que pacientes alocados no grupo pazopanibe tiveram menor necessidade de consulta por telefone e visitas ao departamento de emergência. Isso demonstra que os inibidores de tirosina quinase anti-fator de crescimento de endotélio vascular (TKI anti-VEGFR), apesar de compartilharem mecanismo de ação diferente, podem ter resultados práticos muito diferentes.

Referência

Motzer et al. Pazopanib versus sunitinib in metastatic renal-cell carcinoma. N Engl J Med. 2013 Aug 22;369(8):722-31

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