
Diretriz AUA/SUFU para o diagnóstico e tratamento da bexiga hiperativa idiopática
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Introdução
Em julho de 2024, foi publicado na revista Journal of Urology o artigo “Diretriz AUA/SUFU para o diagnóstico e tratamento da bexiga hiperativa idiopática”. Esta diretriz conjunta da American Urological Association (AUA) e da Society of Urodynamics, Female Pelvic Medicine, and Urogenital Reconstruction (SUFU) fornece recomendações atualizadas e baseadas em evidências para o diagnóstico, avaliação e tratamento da bexiga hiperativa (OAB) idiopática. O documento visa orientar os profissionais de saúde na escolha de abordagens terapêuticas personalizadas, promovendo o controle dos sintomas e a melhora da qualidade de vida dos pacientes.
Objetivo
Fornecer recomendações baseadas em evidências para o diagnóstico e tratamento da bexiga hiperativa idiopática, com foco em apoiar a tomada de decisão compartilhada entre médicos e pacientes e otimizar os resultados clínicos e a qualidade de vida.
Desenho do estudo
Diretriz de prática clínica elaborada a partir de uma revisão sistemática da literatura, conduzida por um painel multidisciplinar de especialistas nomeado pela AUA e pela SUFU. Foram utilizadas as melhores evidências disponíveis para gerar recomendações graduadas de acordo com a força e qualidade das evidências.
Número de pacientes
Número de estudos incluídos:159 estudos.
Período de inclusão
De janeiro de 2013 a novembro de 2023.
Materiais e Métodos
Foi realizada uma busca eletrônica sistemática nas bases MEDLINE, EMBASE e Cochrane Library, abrangendo o período de janeiro de 2013 a novembro de 2023. A seleção dos estudos seguiu critérios baseados no framework PICOTS (população, intervenção, comparador, desfechos, tempo, tipo de estudo e cenário).
Após o processo de triagem e seleção, 159 estudos foram incluídos e utilizados para informar as recomendações da diretriz. A elaboração das recomendações seguiu metodologia padronizada da AUA, com classificação da força da evidência e consenso do painel.
Desfechos
Desfecho primário:
-
Controle dos sintomas de OAB, incluindo frequência urinária, urgência e incontinência urinária.
Desfechos secundários:
-
Melhora na qualidade de vida relacionada à saúde.
-
Redução de eventos adversos relacionados às intervenções terapêuticas.
-
Orientação sobre abordagem personalizada do tratamento e promoção da tomada de decisão compartilhada.
Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes
Critérios de inclusão:
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Estudos avaliando o diagnóstico, manejo e tratamento da bexiga hiperativa idiopática em adultos.
-
Estudos primários e revisões sistemáticas de alta qualidade.
-
Estudos que abordaram intervenções não invasivas, farmacológicas, minimamente invasivas, invasivas e o manejo de pacientes com hiperplasia prostática benigna (HPB) associada à OAB.
Critérios de exclusão:
-
Estudos com foco em bexiga hiperativa secundária a outras etiologias neurológicas.
-
Populações pediátricas.
-
Estudos com baixa qualidade metodológica ou não relevantes para as perguntas-chave da diretriz.
Resultados
A diretriz apresenta um total de 33 recomendações, abordando de forma abrangente os seguintes tópicos:
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Avaliação diagnóstica de pacientes com sintomas sugestivos de bexiga hiperativa idiopática, incluindo a utilização criteriosa de exames complementares.
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Tratamento não invasivo: medidas comportamentais, modificação do estilo de vida, treinamento vesical e fisioterapia do assoalho pélvico como primeira linha de abordagem.
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Farmacoterapia: utilização de antimuscarínicos e agonistas beta-3 como opções de segunda linha, com escolha guiada por perfil de efeitos adversos, tolerabilidade e características individuais dos pacientes.
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Terapias minimamente invasivas: uso de toxina botulínica intravesical, neuromodulação sacral ou neuromodulação do nervo tibial posterior em pacientes com resposta inadequada ou intolerância à farmacoterapia.
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Terapias invasivas: indicação criteriosa de procedimentos cirúrgicos, como ampliação vesical, para casos refratários e com impacto significativo na qualidade de vida.
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Manejo do uso de cateteres de demora: recomendações para minimizar complicações associadas e promover o uso racional.
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Condutas específicas para pacientes com OAB associada à hiperplasia prostática benigna (HPB): abordagem integrada do quadro clínico.
Conclusão do Trabalho
Após o diagnóstico de bexiga hiperativa idiopática, uma ampla variedade de opções terapêuticas está disponível, permitindo ao médico e ao paciente, por meio de um processo de decisão compartilhada, formular um plano de tratamento personalizado. As recomendações baseadas em evidências apresentadas nesta diretriz visam otimizar o controle dos sintomas e a qualidade de vida, ao mesmo tempo em que minimizam os eventos adversos e o impacto da doença. A implementação dessas orientações promove um cuidado individualizado e centrado no paciente.
Comentário Editorial
Esta diretriz conjunta da AUA e da SUFU representa um avanço importante na padronização e atualização do manejo da bexiga hiperativa idiopática. Ao fornecer um conjunto abrangente de recomendações baseadas em evidências, o documento reforça o papel fundamental da abordagem personalizada e da tomada de decisão compartilhada no tratamento da OAB.
Entre os pontos fortes da diretriz, destaca-se a ênfase no uso progressivo de terapias, partindo de intervenções não invasivas até opções farmacológicas e minimamente invasivas, reservando terapias cirúrgicas para casos refratários. O foco na segurança e na qualidade de vida do paciente permeia todas as recomendações.
Como limitação, a diretriz não aborda OAB secundária a condições neurológicas e, para algumas intervenções, a qualidade das evidências ainda é variável, o que se reflete no grau de força das recomendações. Ainda assim, este documento fornece um guia valioso para apoiar a prática clínica, promovendo um cuidado mais efetivo e centrado no paciente.
Referência
Cameron AP, Chung DE, Dielubanza EJ, et al. The AUA/SUFU Guideline on the Diagnosis and Treatment of Idiopathic Overactive Bladder. J Urol. 2024;212(1):11-20. doi:10.1097/JU.0000000000003985.
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