Início > Resumos Comentados > Diretriz AUA/SUFU para o diagnóstico e tratamento da bexiga hiperativa idiopática

Diretriz AUA/SUFU para o diagnóstico e tratamento da bexiga hiperativa idiopática

Autores do Artigo

Anne P Cameron, Doreen E Chung, Elodi J Dielubanza, Ekene Enemchukwu, David A Ginsberg, Brian T Helfand, Brian J Linder, W Stuart Reynolds, Eric S Rovner, Lesley Souter, Anne M Suskind, Elizabeth Takacs, Blayne Welk, Ariana L

Revista

Journal of Urology

Data da publicação

Julho 2024

Autor do Resumo

Editor

Publicação do Resumo

Junho 2025

  

Introdução

Em julho de 2024, foi publicado na revista Journal of Urology o artigo “Diretriz AUA/SUFU para o diagnóstico e tratamento da bexiga hiperativa idiopática”. Esta diretriz conjunta da American Urological Association (AUA) e da Society of Urodynamics, Female Pelvic Medicine, and Urogenital Reconstruction (SUFU) fornece recomendações atualizadas e baseadas em evidências para o diagnóstico, avaliação e tratamento da bexiga hiperativa (OAB) idiopática. O documento visa orientar os profissionais de saúde na escolha de abordagens terapêuticas personalizadas, promovendo o controle dos sintomas e a melhora da qualidade de vida dos pacientes.

Objetivo

Fornecer recomendações baseadas em evidências para o diagnóstico e tratamento da bexiga hiperativa idiopática, com foco em apoiar a tomada de decisão compartilhada entre médicos e pacientes e otimizar os resultados clínicos e a qualidade de vida.

Desenho do estudo

Diretriz de prática clínica elaborada a partir de uma revisão sistemática da literatura, conduzida por um painel multidisciplinar de especialistas nomeado pela AUA e pela SUFU. Foram utilizadas as melhores evidências disponíveis para gerar recomendações graduadas de acordo com a força e qualidade das evidências.

Número de pacientes

Número de estudos incluídos:159 estudos.

Período de inclusão

De janeiro de 2013 a novembro de 2023.

Materiais e Métodos

Foi realizada uma busca eletrônica sistemática nas bases MEDLINE, EMBASE e Cochrane Library, abrangendo o período de janeiro de 2013 a novembro de 2023. A seleção dos estudos seguiu critérios baseados no framework PICOTS (população, intervenção, comparador, desfechos, tempo, tipo de estudo e cenário).

Após o processo de triagem e seleção, 159 estudos foram incluídos e utilizados para informar as recomendações da diretriz. A elaboração das recomendações seguiu metodologia padronizada da AUA, com classificação da força da evidência e consenso do painel.

Desfechos

Desfecho primário:

  • Controle dos sintomas de OAB, incluindo frequência urinária, urgência e incontinência urinária.

Desfechos secundários:

  • Melhora na qualidade de vida relacionada à saúde.

  • Redução de eventos adversos relacionados às intervenções terapêuticas.

  • Orientação sobre abordagem personalizada do tratamento e promoção da tomada de decisão compartilhada.

Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes

Critérios de inclusão:

  • Estudos avaliando o diagnóstico, manejo e tratamento da bexiga hiperativa idiopática em adultos.

  • Estudos primários e revisões sistemáticas de alta qualidade.

  • Estudos que abordaram intervenções não invasivas, farmacológicas, minimamente invasivas, invasivas e o manejo de pacientes com hiperplasia prostática benigna (HPB) associada à OAB.

Critérios de exclusão:

  • Estudos com foco em bexiga hiperativa secundária a outras etiologias neurológicas.

  • Populações pediátricas.

  • Estudos com baixa qualidade metodológica ou não relevantes para as perguntas-chave da diretriz.

Resultados

A diretriz apresenta um total de 33 recomendações, abordando de forma abrangente os seguintes tópicos:

  • Avaliação diagnóstica de pacientes com sintomas sugestivos de bexiga hiperativa idiopática, incluindo a utilização criteriosa de exames complementares.

  • Tratamento não invasivo: medidas comportamentais, modificação do estilo de vida, treinamento vesical e fisioterapia do assoalho pélvico como primeira linha de abordagem.

  • Farmacoterapia: utilização de antimuscarínicos e agonistas beta-3 como opções de segunda linha, com escolha guiada por perfil de efeitos adversos, tolerabilidade e características individuais dos pacientes.

  • Terapias minimamente invasivas: uso de toxina botulínica intravesical, neuromodulação sacral ou neuromodulação do nervo tibial posterior em pacientes com resposta inadequada ou intolerância à farmacoterapia.

  • Terapias invasivas: indicação criteriosa de procedimentos cirúrgicos, como ampliação vesical, para casos refratários e com impacto significativo na qualidade de vida.

  • Manejo do uso de cateteres de demora: recomendações para minimizar complicações associadas e promover o uso racional.

  • Condutas específicas para pacientes com OAB associada à hiperplasia prostática benigna (HPB): abordagem integrada do quadro clínico.

Conclusão do Trabalho

Após o diagnóstico de bexiga hiperativa idiopática, uma ampla variedade de opções terapêuticas está disponível, permitindo ao médico e ao paciente, por meio de um processo de decisão compartilhada, formular um plano de tratamento personalizado. As recomendações baseadas em evidências apresentadas nesta diretriz visam otimizar o controle dos sintomas e a qualidade de vida, ao mesmo tempo em que minimizam os eventos adversos e o impacto da doença. A implementação dessas orientações promove um cuidado individualizado e centrado no paciente.

Comentário Editorial

Esta diretriz conjunta da AUA e da SUFU representa um avanço importante na padronização e atualização do manejo da bexiga hiperativa idiopática. Ao fornecer um conjunto abrangente de recomendações baseadas em evidências, o documento reforça o papel fundamental da abordagem personalizada e da tomada de decisão compartilhada no tratamento da OAB.

Entre os pontos fortes da diretriz, destaca-se a ênfase no uso progressivo de terapias, partindo de intervenções não invasivas até opções farmacológicas e minimamente invasivas, reservando terapias cirúrgicas para casos refratários. O foco na segurança e na qualidade de vida do paciente permeia todas as recomendações.

Como limitação, a diretriz não aborda OAB secundária a condições neurológicas e, para algumas intervenções, a qualidade das evidências ainda é variável, o que se reflete no grau de força das recomendações. Ainda assim, este documento fornece um guia valioso para apoiar a prática clínica, promovendo um cuidado mais efetivo e centrado no paciente.

Referência

Cameron AP, Chung DE, Dielubanza EJ, et al. The AUA/SUFU Guideline on the Diagnosis and Treatment of Idiopathic Overactive Bladder. J Urol. 2024;212(1):11-20. doi:10.1097/JU.0000000000003985.

Outros Resumos