Início > Resumos Comentados > Achados Urodinâmicos Podem Prever os Resultados e Complicações das Injeções Intravesicais de Onabotulinumtoxina A para Bexiga Hiperativa?

Achados Urodinâmicos Podem Prever os Resultados e Complicações das Injeções Intravesicais de Onabotulinumtoxina A para Bexiga Hiperativa?

Autores do Artigo

Aleksejeva K, Scrimgeour G, Axell R, et al.

Revista

Neurourology and Urodynamics

Data da publicação

Fevereiro 2025

Autor do Resumo

Editor

Publicação do Resumo

Maio 2025

  

Introdução

O artigo "Achados Urodinâmicos Podem Prever os Resultados e Complicações das Injeções Intravesicais de Onabotulinumtoxina A para Bexiga Hiperativa?", publicado na Neurourology and Urodynamics, avalia se achados urodinâmicos basais podem prever os desfechos subjetivos e complicações das injeções intravesicais de onabotulinumtoxina A (Botox A) no tratamento da bexiga hiperativa refratária (OAB). O estudo examina a resposta clínica e a incidência de dificuldades miccionais pós-tratamento em uma grande coorte de pacientes.

Objetivo

Avaliar se os achados de estudos urodinâmicos prévios ao tratamento podem prever os desfechos clínicos e a necessidade de cateterização pós-injeção de Botox A em pacientes com OAB refratária.

Desenho do estudo

Estudo retrospectivo de centro único 

Número de pacientes

407 pacientes 

Materiais e Métodos

Estudo retrospectivo de centro único com 407 pacientes (mediana de idade 61 anos, 70% mulheres) tratados com Botox A para OAB refratária entre 2006 e 2018. Os desfechos foram avaliados pelo Patient Global Impression of Improvement (PGI-I) e pela incidência de necessidade de cateterização pós-tratamento. A correlação entre esses resultados e parâmetros urodinâmicos basais foi analisada.

Resultados

Resposta ao Tratamento

  • 67% dos pacientes relataram uma boa resposta ao Botox A (PGI-I ≤ 2).
  • Mulheres apresentaram melhor resposta ao tratamento do que homens (p = 0,034).
  • Pacientes com contração detrusora prolongada na fase de esvaziamento tiveram maior chance de resposta satisfatória.

Parâmetros Urodinâmicos e Previsão da Resposta

  • A duração da contração detrusora durante a micção (Detrusor Contraction Duration, DCD) foi o único parâmetro urodinâmico significativamente associado a um melhor desfecho clínico.
  • Outros achados, como hiperatividade detrusora idiopática (IDO), volume de enchimento da bexiga e fluxo máximo urinário, não demonstraram correlação estatisticamente significativa com a resposta ao tratamento.

Necessidade de Cateterização Pós-Tratamento

  • 24% dos pacientes desenvolveram necessidade de cateterismo intermitente limpo (CIC) ou uso de sonda de demora após o Botox A.
  • A incidência de dificuldades miccionais foi maior entre os pacientes que relataram boa resposta ao tratamento (p = 0,033 para mulheres e p = 0,011 para homens).
  • Nenhum parâmetro urodinâmico foi preditivo da necessidade de cateterização pós-tratamento.

Fatores Não Relacionados à Resposta ou Complicações

  • A presença de obstrução urinária, incontinência urinária de esforço ou histórico de cirurgias urológicas prévias não impactou significativamente o sucesso terapêutico.
  • A idade avançada foi associada a um aumento na necessidade de cateterização (p = 0,036 para mulheres e p = 0,063 para homens), mas com baixa acurácia preditiva.

 

Conclusão do Trabalho

A resposta ao Botox A foi mais frequente em mulheres e se correlacionou com maior duração da contração detrusora durante a micção, enquanto outros achados urodinâmicos não apresentaram valor preditivo significativo. A necessidade de cateterização pós-tratamento esteve associada à melhora clínica relatada pelos pacientes, mas não foi predita por parâmetros urodinâmicos.

Comentário Editorial

Este estudo reforça a eficácia e segurança do Botox A no tratamento da OAB refratária, mas destaca a complexidade na previsão de seus desfechos por meio da urodinâmica. A descoberta de que a duração da contração detrusora é um fator preditivo pode ter implicações clínicas no aconselhamento pré-tratamento. A alta taxa de satisfação dos pacientes, mesmo com a necessidade de cateterização em alguns casos, sugere que o alívio dos sintomas de OAB compensa possíveis efeitos adversos. Estudos futuros devem explorar a aplicabilidade de novos marcadores urodinâmicos para otimizar a seleção de candidatos ao Botox A.

Referência

Aleksejeva K, Scrimgeour G, Axell R, et al. Can Baseline Urodynamic Findings Predict the Outcomes and Complications of Intravesical Injections of Onabotulinum Toxin A for Overactive Bladder? Neurourology and Urodynamics. 2025. DOI: 10.1002/nau.70000.

Outros Resumos