
Disfunção Vesical Pós-AVC: Atualização sobre Diagnóstico e Manejo
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Introdução
O artigo “Bladder Dysfunction Following Stroke: An Updated Review on Diagnosis and Management”, publicado na Bladder em 2024, revisa o impacto, diagnóstico e manejo da disfunção vesical em pacientes pós-acidente vascular cerebral (AVC). A disfunção vesical é uma complicação comum após AVC, afetando significativamente a qualidade de vida (QoL) e associada a altos custos para a saúde pública.
Objetivo
Explorar a prevalência, fisiopatologia, diagnóstico e opções terapêuticas da disfunção vesical em pacientes pós-AVC.
Desenho do estudo
Revisão narrativa baseada em 62 artigos selecionados de 272 encontrados no PubMed até março de 2021. O estudo inclui apenas artigos focados em disfunção vesical após AVC, excluindo lesões não relacionadas ao cérebro.
Resultados
Posição da Lesão Cerebral | Fisiopatologia | Achados Clínicos |
Lobo frontal | Hiperatividade detrusora | Urgência, incontinência |
Lobo parietal | Alteração na percepção sensorial | Diminuição da percepção de enchimento vesical |
Ínsula | Hipocontratilidade detrusora | Retenção urinária |
Gânglios basais | Controle ineficaz do reflexo de micção | Micção frequente e não inibida |
Cerebelo | Descoordenação dos reflexos vesico-esfincterianos | Fluxo urinário intermitente |
Ponte | Detrusor-esfíncter dissinérgico | Fluxo intermitente e retenção |
Medula oblongata | Disfunção na regulação autonômica | Retenção urinária grave |
2. Diagnóstico:
o Avaliação inicial: História clínica detalhada, diário miccional e exame físico.
o Estudos urodinâmicos: Avaliam padrões como hiperatividade detrusora, hiporreflexia detrusora e dissinergia esfincteriana, auxiliando na individualização do tratamento.
o Risco de infecções: Volumes residuais >50 mL aumentam o risco de infecções urinárias e formação de cálculos.
3. Manejo:
- Abordagem inicial: Técnicas comportamentais como micção programada, treinamento vesical e exercícios do assoalho pélvico, além de intervenções no estilo de vida.
- Terapia farmacológica:
- Antimuscarínicos: Como oxibutinina e tolterodina, úteis para reduzir urgência e aumentar a capacidade vesical, mas limitados por efeitos colaterais (boca seca, constipação).
- Agonistas beta-3: Mirabegrona e vibegrona, com eficácia semelhante aos antimuscarínicos, mas com melhor tolerabilidade.
- Toxina botulínica intravesical: Indicada para pacientes refratários, reduz episódios de urgência e incontinência.
- Inibidores de fosfodiesterase tipo 5 (PDE5i): Como tadalafila, demonstraram benefício em casos de hiperatividade detrusora secundária a AVC.
- Terapias avançadas: Neuromodulação sacral e estimulação do nervo tibial posterior mostraram eficácia em casos refratários.
- Reabilitação: Programas individualizados focados na cooperação do paciente melhoram significativamente os sintomas urinários e reduzem complicações.
4. Impacto e Prognóstico:
- Qualidade de vida: A disfunção vesical afeta negativamente a reabilitação e está associada a maiores taxas de institucionalização e mortalidade.
- Recuperação: A UI melhora espontaneamente em muitos pacientes, com 50% recuperando a continência após um ano.
Conclusão do Trabalho
A disfunção vesical após AVC é prevalente e exige diagnóstico precoce e manejo individualizado para minimizar complicações e melhorar a QoL. Avanços terapêuticos, como neuromodulação, agonistas beta-3 e terapias comportamentais, representam opções promissoras para melhorar os desfechos clínicos.
Comentário Editorial
Este artigo enfatiza a importância de uma abordagem multidisciplinar para o manejo da disfunção vesical pós-AVC, integrando diagnóstico precoce, terapias comportamentais e farmacológicas. A introdução de opções como agonistas beta-3 e inibidores de PDE5 amplia as possibilidades terapêuticas, enquanto estratégias avançadas como a neuromodulação oferecem soluções para casos mais graves. A personalização do cuidado permanece essencial para otimizar os resultados e reduzir o impacto da disfunção na qualidade de vida.
Referência
Agapiou E, Pyrgelis E, Mavridis IN, Meliou M, Wimalachandra WSB. Bladder dysfunction following stroke: An updated review on diagnosis and management. Bladder. 2024;11(1):e21200005. DOI: https://doi.org/10.14440/bladder.2024.0012
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