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Esfíncter Urinário Artificial e Doença de Estenose: Princípios Cirúrgicos no Manejo

Autores do Artigo

Martins FE, Bernal J, Tryfonyuk L, Holm HV

Revista

Translational Andrology and Urology

Data da publicação

Fevereiro 2024

Autor do Resumo

Editor

Publicação do Resumo

Fevereiro 2025

  

Introdução

O artigo "Artificial urinary sphincter and stricture disease: surgical principles in management", publicado na Translational Andrology and Urology em 2024, explora o manejo cirúrgico de pacientes com incontinência urinária de esforço (SUI) e doença de estenose uretral associada ao implante de esfíncter urinário artificial (AUS). O estudo revisa a relação entre complicações cirúrgicas, como erosão do cuff e atrofia uretral, e a interação com a estenose uretral, oferecendo diretrizes para a abordagem cirúrgica em casos complexos.

 

Objetivo

Avaliar o impacto da estenose uretral e da uretroplastia nos resultados de pacientes submetidos ao implante de esfíncter urinário artificial, além de analisar o efeito da erosão do cuff e da reimplantação do AUS em pacientes com estenose uretral.

Desenho do estudo

Artigo de revisão de literatura

Número de pacientes

623

Materiais e Métodos

Revisão da literatura com base em dados de complicações pós-operatórias, como erosão e atrofia uretral, com foco nos fatores de risco, estratégias cirúrgicas e resultados a longo prazo em pacientes com implantes de AUS.

Desfechos

Complicações pós-operatórias

Resultados

1. Erosão do cuff e falhas do AUS: Pacientes com histórico de irradiação, estenose uretral, uretroplastia ou colocação de stent uretral apresentam maior risco de falha do AUS devido à erosão do cuff. Em uma revisão de 623 pacientes, aproximadamente 8,5% apresentaram erosão do cuff, exigindo explante do dispositivo. A erosão aumenta a chance de formação de estenoses uretrais.

Fatores de Risco Associados à Erosão do Cuff
Fator de Risco                                      Taxa de Erosão (%)
Irradiação prévia                                                 29%
Uretroplastia anterior                                          44%
Implante de AUS anterior                                    20%

Cateterização sem desativação do AUS             33%

2. Uretroplastia e reimplantação de AUS: Pacientes submetidos à uretroplastia após erosão do cuff apresentam um risco maior de complicações, como novas erosões e atrofia subcuff. No entanto, estudos mostram que a reparação imediata da uretra após a remoção do AUS pode reduzir a taxa de formação de estenose.

3. Etiologia da Uretra Frágil e Prevenção de Complicações:  A fragilidade uretral está associada a fatores como radioterapia prévia, cirurgias repetidas e infecções crônicas. Para prevenir complicações, as estratégias incluem o uso de enxertos de mucosa bucal ou fascia retal e a cuidadosa escolha do local do cuff.

A tabela 3 resume as principais causas da uretra frágil e as estratégias recomendadas para minimizar complicações.

Tabela: Etiologia da Uretra Frágil e Estratégias Preventivas

Etiologia da Uretra Frágil                                         Estratégias Preventivas
Radioterapia prévia                                                  Uso de enxerto transcorporal e mucosa bucal
Cirurgias uretrais repetidas                                      Implante transcorporal e reavaliação do local do cuff
Infecções crônicas                                                   Uso de fascia retal para reforço uretral
Trauma uretral                                                          Redução do diâmetro do cuff

Comentário Editorial

Pacientes com estenose uretral ou histórico de uretroplastia enfrentam maior risco de complicações com o implante de esfíncter urinário artificial, especialmente a erosão do cuff. No entanto, intervenções cirúrgicas adequadas, como o implante transcorporal e a reparação uretral imediata após a erosão, podem melhorar os resultados e diminuir a incidência de complicações graves. A abordagem personalizada e o planejamento cirúrgico adequado são essenciais para minimizar os riscos e otimizar os resultados.

Este estudo revisa as complicações e os desafios cirúrgicos no manejo de pacientes com incontinência urinária associada à estenose uretral e ao implante de AUS. A erosão do cuff e a atrofia uretral representam as principais preocupações, principalmente em pacientes com múltiplos fatores de risco. Intervenções, como o uso de enxertos e técnicas de reparação imediata, têm mostrado resultados promissores, mas o planejamento cuidadoso e uma abordagem personalizada permanecem essenciais. A literatura aponta que, em casos complexos, a decisão de reimplante de AUS deve ser tomada com cautela, considerando os riscos elevados de erosão e estenose recorrente. O artigo ainda destaca possíveis futuras inovações, tais como, o desenvolvimento de materiais de cuff revestidos com antibióticos, que têm o potencial de reduzir significativamente as taxas de infecção e erosão. Além disso, novas tecnologias para ajuste de pressão no esfíncter estão sendo estudadas, permitindo maior personalização para cada paciente e melhorando tanto o conforto quanto a funcionalidade do dispositivo.

 

Referência

Martins FE, Bernal J, Tryfonyuk L, Holm HV. Artificial urinary sphincter and stricture disease: surgical principles in management. Transl Androl Urol. 2024;13(8):1717-1728. DOI: https://dx.doi.org/10.21037/tau-23-16

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