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Fatores Urodinâmicos de Risco para Infecção Urinária.

Autores do Artigo

Leitner L, Schneidewind L, Bonkat G, Stangl FP, Kranz J.

Revista

Foco Europeu em Urologia.

Data da publicação

Agosto 2024

Autor do Resumo

Editor

Publicação do Resumo

Janeiro 2025

  

Introdução

Em agosto de 2024, foi publicado o artigo “Urodynamic Risk Factors for Urinary Infection” na revista European Urology Focus. Este estudo revisou a relação entre disfunções do trato urinário inferior (LUTD) e o risco de infecções do trato urinário (UTI). A investigação urodinâmica (UDI) é considerada o padrão-ouro para avaliar essas disfunções, mas a relação entre os achados urodinâmicos e o risco de UTI permanece subexplorada. Estudos sugerem que fatores como baixa capacidade vesical, alta pressão do detrusor e hiperatividade do detrusor podem aumentar o risco de UTI, especialmente em receptores de transplante renal e lactentes.

Objetivo

Revisar a associação entre os achados urodinâmicos e o risco de infecções urinárias, com o intuito de identificar possíveis fatores de risco e implicações terapêuticas.

Desenho do estudo

Revisão de múltiplos estudos de coorte

Materiais e Métodos

Presença de infecção urinária

Critérios de inclusão e exclusão mais relevantes

A investigação urodinâmica oferece uma ferramenta valiosa para identificar disfunções do trato urinário inferior que aumentam o risco de infecções urinárias. No entanto, os estudos revisados não incluíram grupos controle nem intervenções terapêuticas, o que limita a interpretação definitiva dos resultados. Novos estudos bem desenhados são necessários para avaliar se terapias guiadas por UDI podem melhorar os desfechos no manejo das infecções urinárias.

Resultados

Em pacientes com disfunção do trato urinário inferior (LUTD), foram observadas taxas elevadas de disfunção de armazenamento (39-51%) e disfunção miccional (41-63%). Esses achados sugerem uma possível relação causal entre a LUTD e as UTIs recorrentes.
Achados urodinâmicos importantes incluem hiperatividade do detrusor (presente em 28-64% dos pacientes analisados) e alto volume residual pós-miccional (15-54%), ambos associados a um maior risco de infecções urinárias. A investigação urodinâmica também demonstrou que pressões elevadas no detrusor durante a micção podem aumentar o risco de refluxo vesico-ureteral e pielonefrite.
Em receptores de transplante renal, uma capacidade vesical reduzida (<150 ml) foi identificada como um fator de risco significativo para UTI, com uma razão de risco de 2,335 (IC 95%, 1,214–4,49; p = 0,011).
Em lactentes com infecções urinárias, o refluxo vesicoureteral (20%) e a hiperatividade do detrusor (64%) foram frequentemente observados. A UDI mostrou-se crucial para o diagnóstico e manejo desses casos, uma vez que muitas disfunções não são clinicamente aparentes.
 
 

Comentário Editorial

A investigação urodinâmica oferece uma ferramenta valiosa para identificar disfunções do trato urinário inferior que aumentam o risco de infecções urinárias. No entanto, os estudos revisados não incluíram grupos controle nem intervenções terapêuticas, o que limita a interpretação definitiva dos resultados. Novos estudos bem desenhados são necessários para avaliar se terapias guiadas por UDI podem melhorar os desfechos no manejo das infecções urinárias.

O papel da investigação urodinâmica na identificação de fatores de risco para UTI é um campo promissor, mas que ainda carece de dados robustos. Embora estudos tenham identificado parâmetros urodinâmicos como pressão elevada no detrusor e baixo volume vesical associados a um maior risco de UTI, a falta de intervenções terapêuticas guiadas por UDI nos estudos revisados deixa uma lacuna na literatura. No estado atual da arte, a investigação urodinâmica pode ajudar a personalizar tratamentos para prevenir UTIs em populações de risco, como receptores de transplante renal e pacientes com disfunção neurogênica do trato urinário. Futuras pesquisas devem se concentrar em determinar se intervenções baseadas em achados urodinâmicos podem realmente reduzir a incidência de UTIs e melhorar os desfechos clínicos a longo prazo.

Referência

Leitner L, Schneidewind L, Bonkat G, Stangl FP, Kranz J. Urodynamic Risk Factors for Urinary Infection. European Urology Focus. 2024. DOI: https://doi.org/10.1016/j.euf.2024.08.003

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