
Oxibutina Intravesical para Bexiga Neurogênica em Crianças: Resultados Urodinâmicos, Renais e Protocolo de Administração
Autores do Artigo
Revista
Data da publicação
Autor do Resumo

Editor

Publicação do Resumo
Introdução
O artigo "Long-term Intravesical Oxybutynin for Neurogenic Bladder in Children Has Good Urodynamic and Renal Outcome", publicado no Journal of Pediatric Urology, avalia os resultados a longo prazo da oxibutinina intravesical no manejo da bexiga neurogênica em crianças com anomalias espinhais congênitas. A administração intravesical da oxibutinina é uma alternativa eficaz para pacientes que não toleram a forma oral devido a efeitos adversos anticolinérgicos sistêmicos.
Objetivo
Avaliar os desfechos urodinâmicos e renais a longo prazo do uso da oxibutinina intravesical em crianças com bexiga neurogênica, além de descrever o protocolo de preparação e administração da medicação.
Desenho do estudo
Estudo retrospectivo de coorte observacional realizado em centro único
Número de pacientes
122 crianças
Materiais e Métodos
Estudo retrospectivo de coorte observacional realizado em centro único, incluindo 122 crianças que iniciaram oxibutinina intravesical antes dos 18 anos. Foram analisados parâmetros urodinâmicos, cistografia por raio-X, cintilografia renal com DMSA e taxa de filtração glomerular (TFG). Os resultados foram comparados com dados basais antes do início do tratamento, tanto sem medicação anticolinérgica quanto sob oxibutinina oral.
Protocolo de Preparação e Administração
A oxibutinina intravesical foi preparada na farmácia hospitalar dissolvendo-se oxibutinina em solução salina 0,9% e esterilizando a solução em ampolas de 5 mg/5 ml, com pH de 5,85. A administração ocorreu duas vezes ao dia por meio do cateter uretral utilizado para o cateterismo intermitente limpo (CIC), com dose ajustada pelo peso corporal (0,1 a 0,3 mg/kg/dose). Enfermeiros especializados instruíram pais e cuidadores sobre a técnica correta, incluindo:
- Preparação da solução na seringa;
- Administração direta na bexiga pelo cateter urinário;
- Armazenamento adequado da medicação.
Além das orientações práticas, foi fornecido um guia passo a passo ilustrado com fotos para garantir a correta aplicação da medicação em casa.
Resultados
- Melhora dos Parâmetros Urodinâmicos
- A duração média do tratamento foi de 7,8 anos (DP ±5,9).
- A proporção de pacientes com capacidade vesical dentro da faixa normal para a idade aumentou de 36% para 81% (p < 0,001).
- A pressão de enchimento final reduziu significativamente de 49,6 cmH₂O para 26,1 cmH₂O (p = 0,017).
- A presença de hiperatividade detrusora (>30 cmH₂O) caiu de 50% para 18% (p = 0,007).
- Impacto na Saúde Renal
- O refluxo vesicoureteral (VUR) reduziu de 45% para 18% após o tratamento (p < 0,001).
- 97% dos pacientes (86/89) mantiveram TFG acima de 60 ml/1,73 m²/min, indicando preservação da função renal.
- O tratamento prolongado foi associado a melhor capacidade vesical ajustada para a idade e menor incidência de hiperatividade detrusora e VUR.
- Complicações e Cirurgias Relacionadas
- Episódios de pielonefrite ocorreram em 21% dos pacientes ao longo do tratamento.
- 29% apresentaram distribuição assimétrica da função renal com cicatrizes renais.
- 16% necessitaram de cistoplastia de aumento.
Conclusão do Trabalho
O uso prolongado da oxibutinina intravesical mostrou ser uma opção terapêutica eficaz e segura para o manejo da bexiga neurogênica em crianças, promovendo melhora dos parâmetros urodinâmicos e reduzindo a deterioração do trato urinário superior. A adesão ao protocolo de administração e a capacitação dos cuidadores foram fundamentais para o sucesso do tratamento.
Comentário Editorial
Este estudo reforça a eficácia da oxibutinina intravesical como alternativa ao tratamento oral para crianças com bexiga neurogênica, com benefícios na capacidade vesical e na preservação da função renal. A implementação de um protocolo padronizado de administração, com suporte educacional aos cuidadores, foi essencial para garantir a adesão ao tratamento e minimizar complicações. Estudos comparativos futuros devem avaliar a oxibutinina intravesical em relação a outras abordagens terapêuticas, como a toxina botulínica.
Referência
De Smedt W, Jansen K, Bogaert G. Long-term Intravesical Oxybutynin for Neurogenic Bladder in Children Has Good Urodynamic and Renal Outcome. Journal of Pediatric Urology. 2025. DOI: 10.1016/j.jpurol.2025.01.015.
Outros Resumos
-
Postado: dez/2024
Nectina-4 nas Malignidades Geniturinárias: Uma Revisão Sistemática